Doria e Covas desgastam-se depois das eleições
Foto: Patrícia Cruz
As críticas recebidas pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e pelo prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), pelo corte da gratuidade no transporte público para idosos entre 60 e 65 anos foram mais numerosas do que os elogios recebidos pelos dois tucanos ao anunciarem um calendário de vacinação contra a covid-19, com início em janeiro.
Segundo levantamentos feitos em redes sociais para o Valor sobre a imagem dos dois tucanos, a tentativa de Doria e Covas de se projetarem nacionalmente com a vacina tem sido ofuscada por ataques às ações do governador e do prefeito menos de um mês depois das eleições. Com receio de um novo desgaste político já no início de 2021 e diante da possibilidade de reedição de protestos, Doria e Covas anunciaram ontem que não vão aumentar a tarifa do Metrô, CPTM e ônibus municipais no próximo ano.
No momento em que busca destaque nacional com a vacina, Doria desgastou-se ao anunciar o fim da gratuidade e ao viajar para Miami em plena pandemia. Já o prefeito, reeleito há um mês, tem sido atacado não só pelo fim do benefício a uma parcela de idosos, mas também pelo reajuste de 46,6% de seu salário, do vice-prefeito e dos secretários.
De acordo com levantamento da Bites, desde 30 de novembro, depois da reeleição de Covas, as notícias que tiveram maior repercussão nas redes sociais foram eminentemente negativas para os dois tucanos, sobretudo contra Doria, alvo da esquerda e de aliados do presidente Jair Bolsonaro. O tema que mais atraiu a atenção dos leitores de notícias foi o fim da gratuidade no transporte.
Das dez notícias que mais tiveram interações citando o governador ou o prefeito, quatro deram destaque ao fim do benefício, com críticas a Doria e Covas. As outras seis notícias foram publicadas por sites bolsonaristas, com ataques a Doria, e abordaram a viagem do governador a Miami e o retorno do Estado à fase vermelha de restrições.
Segundo o levantamento da Bites, a primeira notícia positiva com repercussão alta para os dois tucanos foi a promessa de vacinação a partir de 25 de janeiro em São Paulo. A notícia está na 11 posição entre as mais comentadas. O reajuste salarial de Covas, de R$ 24,1 mil para R$ 35,4 mil parece ter sido “diluído” em meio a críticas a Doria e aparece na 12 posição entre as matérias com citações aos dois tucanos que tiveram maior repercussão nas redes.
Ao examinar o Twitter, 28% das menções a Covas foram de críticas ao reajuste salarial. Os picos de comentários sobre o prefeito foram em 30 de novembro, repercutindo a reeleição, e em 24 de dezembro, quando sancionou o aumento salarial.
Para André Eler, gerente de relações governamentais da Bites, o prefeito não conseguiu construir uma militância digital nas redes para defendê-lo, e é criticado também pelas ações de Doria, seu aliado político. “Ele [Covas] atraiu críticas em um momento que poderia ter sido de comemoração e união em torno do prefeito reeleito”, disse. Já o pico de menções a Doria foi no dia 23 de dezembro, quando foi anunciada a viagem a Miami. O governador foi citado seis vezes mais do que o prefeito nos últimos 30 dias, e as menções mais populares são contra o isolamento social e contra a “vacina chinesa”. “Doria foi muito mais atacado que elogiado, mesmo com uma pauta positiva. Contribuiu pra isso a desconfiança com a vacina e as críticas mais recentes à demora para anunciar a eficácia da vacina”, disse Eler.
No país, a imagem de Doria já estava em queda mesmo antes da viagem a Miami, segundo o coordenador de projetos para a América Latina do Atlas Político, Leonardo Magalhães. Segundo pesquisa do Atlas Político, no começo de março Doria chegou a 83% de rejeição, mas reduziu para 51% no começo de abril, com as medidas contra a pandemia. A desaprovação voltou a crescer, foi a 74% em outubro, mas caiu novamente depois do anúncio do calendário de vacinação, no início de dezembro, para 61%. Desde a semana passada, a imagem negativa está subindo: 64% dos entrevistados têm imagem negativa do governador.
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