Ex-negacionista, Suécia aperta isolamento por covid
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O governo da Suécia espera ter o poder de impor quarentenas totais a partir de 10 de janeiro, caso uma lei enviada ao Parlamento nesta segunda-feira seja aprovada. O país, que ganhou fama por não decretar medidas obrigatórias para conter a pandemia de Covid-19, vem adotando cada vez mais restrições, buscando conter a alta de casos e mortes.
A legislação temporária, se implementada, dará às autoridades o aval para fechar negócios e multar quem infringir as restrições impostas para conter o avanço da pandemia, afirmou a ministra da Saúde e Assuntos Sociais, Lena Hallengren. Sua validade se estenderá até setembro.
Em uma entrevista coletiva, Hallengren disse que o objetivo das medidas é “controlar o contágio da infecção, mas sem impor restrições desnecessárias a atividades que possam ser realizadas sem risco”. A ministra disse ainda que poderá haver mais medidas obrigatórias “se o que fizermos não for suficiente”.
A Suécia não impôs até o momento uma quarentena em parte porque não tem a autonomia legal para fazê-lo. Ao contrário de outros países europeus, o país resistiu aos confinamentos totais e deixou a maioria das escolas, empresas e restaurantes abertos durante a pandemia, confiando na responsabilidade pessoal de seus cidadãos.
No primeiro semestre, segundo o Escritório de Estatísticas, o país registrou sua maior contagem de mortes em 150 anos. Com 8,2 mil mortes desde o início do ano, o índice de mortalidade do país (819,8 óbitos por milhão de habitantes) é várias vezes maior do que a de seus vizinhos nórdicos, cujos sistemas sociais e de saúde são similares. A Noruega, por exemplo, registra uma taxa de 77,7 óbitos por milhão de habitantes e a Finlândia, 94,6 mortes por milhão.
Com Estocolmo prestes a ficar sem leitos de terapia intensiva, a frustração chegou a tal nível que até o rei Carl XVI Gustaf admitiu que a estratégia fracassou. Entre outubro e o fim de novembro, a confiança na capacidade das autoridades despencou de 55% para 42%.
Embora o governo nunca tenha dito abertamente que seu plano era a imunidade coletiva, as autoridades não esconderam que esperavam alcançar alguma resistência ao vírus — algo que não ocorreu. Parte das críticas são direcionadas ao epidemiologista responsável pelo plano, Anders Tegnell.
Mesmo com os casos em alta, ele afirmava que a abordagem sueca era bem-sucedida e que não havia evidências reais de que máscaras funcionam, por exemplo. No início de dezembro, ele admitiu que pode ter errado e afirmou ser “muito difícil” entender como a maior exposição da população diminuiu a propagação do vírus.
O primeiro claro recuo veio no início de novembro, quando Estocolmo proibiu reuniões públicas com mais de oito pessoas e, semanas depois, impôs uma restrição à venda de álcool após as 22h. A medida reverteu a abrangente regra até então em vigor, que limitava reuniões presenciais a entre 50 e 300 participantes, dependendo do tipo de evento.
No fim do mês passado, Stefan Lofven tornou-se o terceiro primeiro-ministro sueco a fazer um pronunciamento em cadeia nacional, indicando que a política seria recalibrada ainda mais a fundo para evitar um agravamento do cenário com a chegada do inverno. Na ocasião, pediu para a população “cancelar, suspender e adiar” encontros não essenciais.
No dia 3 de dezembro, houve mais um passo atrás no “modelo sueco”, com a obrigatoriedade do ensino à distância em escolas do Ensino Médio. No último dia 18, foram anunciadas novas restrições, com a recomendação do uso de máscara em transportes públicos nos horários de pico e o fechamento de estabelecimentos não essenciais.
Medidas adicionais impostas por Lofven incluem a limitação ao número de pessoas dentro de estabelecimentos comerciais e a redução para quatro pessoas por mesa nos restaurantes.
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