30 mil pessoas estão hospitalizadas por covid
Foto: BRUNO KELLY / REUTERS
Quase 30 mil pessoas estão internadas por Covid-19 em leitos de enfermaria ou em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) da rede pública brasileira, aponta levantamento do GLOBO realizado nesta segunda e terça-feira, com dados das secretarias de saúde dos 26 estados e do Distrito Federal.
Os números representam queda de 16% em relação ao balanço feito entre os dias 11 e 12 de janeiro, quando foram contabilizadas cerca de 36 mil internações por Covid-19 no Sistema Único de Saúde (SUS). Os especialistas, porém, são taxativos: não é hora de baixar a guarda.
Isso porque cinco estados ainda registram taxas de ocupação de leitos de UTI Covid acima de 80%: Amazonas (95,3%), Rondônia (93,7%), Paraná (84%), Pernambuco (83%) e Goiás (80,8%). Em outros oito, o índice é superior a 70%: Acre (70,7%), Bahia (70%), Ceará (76%), Espírito Santo (78,7%), Pará (74,5%), Piauí (71%), Rio Grande do Sul (74,7%) e Santa Catarina (75,7%).
Além disso, alguns destes estados vivem seu pior momento desde o início da pandemia. É o caso do Amazonas, cuja taxa de ocupação para leitos públicos de UTI destinados à Covid-19 aumentou 2% em relação ao levantamento de 14 dias atrás.
Para os especialistas, a tragédia do Amazonas acende um alerta para o país. Um de seus fatores é a circulação da variante do vírus que surgiu na região. Cientistas creem que ela seja mais infecciosa do que as formas do SARS-Cov-2 já identificadas e está se espalhando pelo Brasil. Nesta terça-feira (26), o estado de São Paulo confirmou três casos de contaminação da nova cepa.
— O que hoje é Manaus pode sim ser o Rio de Janeiro amanhã — diz Lígia Bahia, especialista em saúde pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). — No Brasil, sempre tivemos uma taxa de transmissão muito elevada. Essas pequenas quedas podem inclusive significar uma nova elevação, pois a pandemia anda. O país vem registrando um movimento de platô, e não de queda.
Só há leitos de terapia intensiva em Manaus, nenhum no interior do estado, o que complica ainda mais o cenário. Os amazonenses seguem castigados pela falta de oxigênio nas unidades de saúde estaduais. Em decorrência do colapso no atendimento, 277 pacientes com sintomas graves foram transferidos do Amazonas para outros estados até o momento.
Na região Norte, Rondônia também começa a enfrentar dificuldades semelhantes. Nesta segunda-feira, 15 pessoas foram transportadas de lá para o Paraná, em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB). Outros pacientes estão sendo removidos para Brasília. O vice-governador do Rio Grande do Sul, Ranolfo Vieira Júnior, informou que o estado receberá 50 pacientes vindos de Rondônia.
Lígia Bahia pontua que o drama vivido pela população do Norte revela que os estados da região não se prepararam adequadamente depois de os primeiros registros de colapso na rede pública no ano passado, ainda na primeira onda da pandemia.
— Naquela ocasião, faltou cemitério no Amazonas; agora, também. São estados que têm sistemas de saúde muito acanhados. O pouco que se tem fica concentrado nas capitais, apesar de seus grandes territórios. Desde a implantação do SUS, esse sempre foi o maior desafio da assistência médica naquela região.
Para Guilherme Werneck, epidemiologista da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o governo federal e as autoridades locais pecaram ao não investirem em medidas mais severas de isolamento social, mesmo diante do cenário catastrófico do ano passado.
— O Amazonas não adotou qualquer estratégia de controle da população na pandemia. Apostaram que a exposição ao vírus traria imunidade às pessoas. E quem paga esse preço hoje é a população.
Um levantamento do Imperial College divulgado nesta terça-feira apontou que a taxa de transmissão (Rt) da Covid-19 no Brasil caiu de 1,20 para 1,08 nos últimos 13 dias. Segundo a instituição, porém, o índice ainda é alto e o estudo projetou aumento no número de mortes pela doença no país: 7540 óbitos devem acontecer nesta semana, ao passo que na semana passada foram registrados 6997.
Nesta segunda-feira, quando o Brasil chegou a 217.712 mortes causadas pela Covid-19, a média móvel de óbitos foi de 1.055 por dia, alcançando o maior patamar desde 4 de agosto do ano passado, quando foram registrados 1.066 óbitos em média.
Na avaliação de Guilherme Werneck, a crise do Amazonas deveria ocasionar medidas mais severas de restrição da atividade econômica no restante do país.
— Não estamos numa situação tranquila e sem bem instável. O momento é de precaução, pois a vacina vai demorar a ter algum tipo de efeito. É preciso fortalecer as medidas populacionais de controle do contágio, como isolamento social e máscara, mas também de impor algum grau de regramento sobre a economia. Quanto mais o vírus circula, maiores são as chances de outras variantes surgirem.
Segundo os especialistas, o cuidado com a dinâmica de transmissão do vírus torna-se ainda mais urgente com o início da imunização, que pode causar em muitos a sensação de que as medidas de segurança sanitária não são mais tão necessárias.
Para Werneck, essa hipótese fica ainda mais concreta quando a chegada da vacina, uma fonte de esperança para muitos, é turvada por denúncias de fura-filas e corrupção no sistema de saúde.
— A população brasileira está acostumada com a vacinação. Deveríamos transmitir uma mensagem assim: “temos vacina e vamos vencer a guerra, mas para isso é preciso que todos se unam e continuem se precavendo”. Mas hoje não há comunicação social forte em saúde pública que o faça. Para piorar, o cidadão é bombardeado com notícias de prefeito furando fila, gente graúda que quer se beneficiar… Isso traz um sentimento de cada um por si que leva o sujeito a pensar: “dane-se, vou fazer o que quiser”.
O especialista estima que os efeitos da vacina no panorama epidemiológico brasileiro começarão a ser sentidos somente no fim do primeiro semestre deste ano, isso caso os primeiros grupos prioritários do Programa Nacional de Imunização (PNI) sejam imunizados até lá.
Enquanto isso, o respeito às medidas de isolamento social é imprescindível, concorda Bahia:
— Estamos longe de ter uma perspectiva de cobertura vacinal que seja uma resposta à nossa alta taxa de transmissão. E ainda temos as variantes, que são sim muito preocupantes.
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