Rússia, China e Irã esperam melhora das relações com EUA
Foto: POOL / REUTERS
O mundo todo está de olho na cerimônia de posse do 46º presidente dos EUA, o democrata Joe Biden, e sua vice, Kamala Harris. E à medida que líderes internacionais se manifestam para declarar seu apoio e desejar boa sorte ao novo governante, também surgem mensagens de países não alinhados declarando sua expectativa de que haja uma melhora nas relações com os americanos agora que Donald Trump está fora da Casa Branca.
Todos os três países, no entanto, foram descritos como ameaças aos Estados Unidos por Anthony Blinken, que comandará a diplomacia de Biden, em sua sabatina no Senado, na terça-feira.
O primeiro deles a se manifestar foi a China. Horas antes da cerimônia, Pequim expressou sua esperança de que Biden “olhasse para a China de maneira racional e objetiva” para reparar “graves danos” nas relações bilaterais causados pela presidência de Trump, que abriu uma guerra comercial e tecnológica com Pequim, no que já foi comparado a uma nova guerra fria.
— Nos últimos quatro anos, o governo dos EUA cometeu erros fundamentais em sua percepção estratégica da China, interferindo nos assuntos internos da China, suprimindo e difamando a China e causando sérios danos às relações China-EUA — disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying, em uma entrevista coletiva nesta quarta-feira.
O presidente do Irã, Hassan Rouhani, por sua vez, pediu que Biden retorne ao acordo nuclear de 2015 e retire as sanções dos EUA contra Teerã, anulando uma parte importante do programa de política externa de Trump. Ele também lançou um ataque contundente a Donald Trump, dizendo que “a era de um tirano chegou ao fim e hoje é o último dia de seu reinado sinistro”.
— A bola está no campo dos EUA agora. Se Washington retornar ao acordo nuclear de 2015 com o Irã, também respeitaremos totalmente nossos compromissos sob o pacto — disse Rouhani em uma reunião de Gabinete transmitida pela televisão.
Em entrevista ao New York Times no começo de dezembro, Joe Biden disse que está disposto a retornar ao acordo nuclear com o Irã, se o Irã voltar a cumpri-lo, e acabar com as sanções de Trump ao país. Blinken, no entanto, afirmou agora que o processo pode demorar e que consultaria Israel e as monarquias sunitas do Golfo Pérsico, que formam uma frente anti-Teerã.
Além de Pequim e Teerã, Moscou também acredita que a melhoria das relações entre a Rússia e os EUA depende exclusivamente da “vontade política” do novo presidente, Joe Biden.
— No Kremlin, ninguém está se preparando para esta posse. Isso não mudará nada para a Rússia, que, como tem feito por muitos anos, continuará sua existência tentando manter boas relações com os EUA — disse o porta-voz presidencial Dmitry Peskov.
Em seu discurso de posse nesta quarta-feira, Biden destacou que “este é o dia dos EUA”, mas advertiu também que o “mundo está assistindo” e sinalizou para as lideranças internacionais que seu governo deverá adotar uma política externa mais multilateral e internacionalista, distinta daquela do ex-presidente Donald Trump, que alienou os aliados europeus dos EUA.
— Esta é a minha mensagem para aqueles que estão além de nossas fronteiras — disse Biden — Vamos reparar nossas alianças e nos envolver com o mundo mais uma vez, não para enfrentar os desafios de ontem, mas os de hoje e de amanhã. E lideraremos não apenas pelo exemplo de nosso poder, mas pelo poder de nosso exemplo. Seremos um parceiro forte e confiável para a paz, o progresso e a segurança.
No Twitter, o presidente francês, Emmanuel Macron, saudou o retorno dos americanos ao Acordo de Paris, promessa feita pelo democrata antes mesmo de sua posse e que será confirmada em um decreto executivo que Biden assinará ainda hoje.
“Para @JoeBiden e @KamalaHarris. Muitas felicidades neste dia tão significativo para o povo americano! Estamos juntos”, escreveu Macron. “Estaremos mais fortes para enfrentar os desafios do nosso tempo. Mais forte para construir nosso futuro. Mais forte para proteger nosso planeta. Bem-vindo de volta ao Acordo de Paris!”
Biden, que é o segundo presidente católico da história dos EUA, também recebeu uma mensagem do Papa Francisco logo após tomar posse em Washington. Francisco disse que estava orando para que Deus guiasse seus esforços para trazer a reconciliação nos EUA e entre as nações do mundo, e que espera que Biden trabalhe por uma sociedade marcada pela verdadeira justiça, liberdade e respeito pelos direitos e dignidade de cada pessoa, especialmente dos pobres, vulneráveis e aqueles sem voz.
Mensagens de felicitações também foram enviadas pelos presidentes Sebastián Piñera, do Chile, Manuel López Obrador, do México, Frank Walter Steinmeier, da Alemanha, Mahmoud Abbas, da Palestina, Jair Bolsonaro, do Brasil, e pelos primeiros-ministros Micheál Martin, da Irlanda, Justin Trudeau, do Canadá, Boris Johnson, do Reino Unido, Giuseppe Conte, da Itália, Narendra Modi, da Índia, e Benjamin Netanyahu, de Israel. A chanceler alemã, Angela Merkel, também felicitou o novo presidente dos EUA e disse que espera abrir um “novo capítulo” com seu governo.
Modi e Netanyahu, que mantiveram relações estreitas com o governo de Donald Trump, fizeram questão de ressaltar “a cerimônia de posse histórica” em suas mensagens e também as boas relações bilaterais com os EUA.
— Presidente Biden, você e eu temos uma amizade pessoal calorosa que remonta a muitas décadas — disse o premier israelense em um vídeo publicano no Twitter. — Estou ansioso para trabalhar com você para fortalecer ainda mais a aliança EUA-Israel, para continuar a expandir a paz entre Israel e o mundo árabe e para enfrentar os desafios comuns, principalmente a ameaça representada pelo Irã.
Já Modi afirmou que “a parceria Índia-EUA é baseada em valores compartilhados” e que os países têm “uma agenda bilateral substancial e multifacetada, crescente engajamento econômico e vínculos vibrantes entre as pessoas”. Ele disse ainda que está “comprometido em trabalhar” com o presidente Joe Biden “para levar a parceria Índia-EUA a patamares ainda maiores”.
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que só reconheceu a vitóra eleitoral de Biden quase seis semanas depois de ter sido projetada, se manifestou de maneira mais contida nesta quarta-feira e disse que enviou uma carta para Biden. “Cumprimento Joe Biden como 46º Presidente dos EUA. A relação Brasil e EUA é longa, sólida e baseada em valores elevados, como a defesa da democracia e das liberdades individuais. Sigo empenhado e pronto para trabalhar pela prosperidade de nossas nações e o bem-estar de nossos cidadãos”, escreveu no Twitter.
A União Europeia descreveu a posse de Joe Biden como um “novo amanhecer”, mas insistiu em que as empresas de tecnologia americanas devem ser regulamentadas para impedir as “forças obscuras” do discurso de ódio on-line.
— Este novo amanhecer nos EUA é o momento que estávamos esperando — disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que também advertiu: — Essa sensação de alívio não deve nos levar a ilusões. Trump pode ser relegado à história em algumas horas, mas seus seguidores permanecem.
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