Twitter diz que post de Bolsonaro sobre “cloroquinas” viola regras
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O Twitter colocou por volta das 20h desta sexta-feira (15) uma marcação no post do presidente Jair Bolsonaro que falava sobre um “tratamento precoce” contra Covid-19 que não tem comprovação médica, alertando que a mensagem viola as regras da plataforma sobre publicação de informações enganosas.
Este tipo de medida restringe a circulação do tuíte, mas mantém a mensagem no ar.
Na postagem feita às 15h36 desta sexta, Bolsonaro disse que “Estudos clínicos demonstram que o tratamento precoce da Covid, com antimaláricos, podem reduzir a progressão da doença, prevenir a hospitalização e estão associados à redução da mortalidade”.
Mas pesquisadores de diferentes universidades e países comprovaram que não há prevenção e/ou tratamento com a ajuda de medicamentos.
No fim da tarde, o G1 questionou a rede social sobre se a postagem violava suas regras e se alguma medida seria tomada neste caso.
Horas após a publicação, a rede social colocou um aviso em cima deste tuíte, dizendo que ele “violou as Regras do Twitter sobre publicação de informações enganosas e potencialmente prejudiciais” relacionadas à Covid-19″.
Mas disse que “no entanto, o Twitter determinou que pode ser do interesse público que esse Tweet continue acessível”. Não estava mais visível a contagem de curtidas e de compartilhamentos.
Em sua política de uso, a plataforma afirma que, se um post de um líder mundial violar as regras, “mas houver um claro interesse público em mantê-lo na plataforma, nós o colocaremos atrás de um aviso que trará contexto sobre a violação e permitirá que as pessoas cliquem e vejam o conteúdo se assim desejarem”.
“O aviso é potencialmente informativo. Ele pode fazer com que a pessoa passe a procurar informações verdadeiras em outros canais e romper o canal da desinformação”, avalia Yasmin Curzi, especialista em Direito Digital, da FGV-Rio.
“Adicionar uma informação a mais, um aviso ou um link para que a pessoa chegue à checagem de fato daquela informação é uma boa medida porque não suprime a manifestação de um usuário”, diz Ivar Hartmann, professor associado do Insper e especialista em direito digital.
Posts apagados em 2020
Esta não foi a primeira vez que o Twitter agiu contra postagens do presidente. Em março de 2020, tuítes de Bolsonaro foram apagados também por violação de regras relacionadas a conteúdos que envolvam a pandemia.
Na ocasião, foram tirados do ar posts que registravam um passeio de Bolsonaro em Brasília, que provocou aglomerações, e o posicionamento dele contra o isolamento social, defendido por autoridades de saúde do mundo inteiro.
Nas regras sobre remoção de conteúdo que envolva desinformação sobre a Covid-19, em texto de julho passado, a rede social aponta o que leva em conta ao considerar essa medida. Podem ser alvos posts que:
reflitam não uma opinião, mas algo apontado como fato, e, entre os exemplos, o Twitter cita postagens que abordem supostas medidas preventivas contra a doença, tratamentos ou curas;
tenham sido apontados como falsos ou enganosos por especialistas no assunto, como autoridades de saúde pública;
possam causar danos se as pessoas acreditarem nessa informação, da forma como ela foi apresentada, podendo levar a uma maior exposição ao vírus ou afetar a capacidade do sistema de saúde de lidar com a pandemia, por exemplo.
A plataforma afirma ainda que, em vez de remover um post, poderá colocar um advertência no tuíte, nos casos em que o risco de dano seja menos grave, mas, ainda assim, possam confundir as pessoas. E que isso reduz a visibilidade da postagem.
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