Vacinas podem chegar a hospitais privados em seis meses
Foto: Dado Ruvic / REUTERS
O presidente do Hospital Albert Eistein, Sidney Klajner, vê chances de que vacinas contra a Covid-19 cheguem a redes privadas de saúde no início do segundo semestre. O médico afirma que a perspectiva é otimista e defende que, até que a escassez dos imunizantes não seja superada, eles só sejam adquiridos pela rede pública.
– Numa perspectiva otimista, acredito que a vacina pode estar amplamente disponível na rede pública e privada no início do segundo semestre. Se imaginarmos que existem cerca de 200 pesquisas de novas vacinas, daqui a pouco teremos outros produtores oferecendo. Acredito que, em cerca de seis meses, as fábricas que já têm hoje vacinas aprovadas em vários países, como a da Pfizer, Astrazeneca/Fiocruz e Sinovac/Butantan, estarão recebendo os insumos e produzindo. Além disso, outras vacinas vão chegar. Por isso, talvez tenhamos um número de concorrentes para vacina que a torne disponível e sem a escassez que estamos vendo hoje. – disse Klajner à coluna.
O diretor-geral do Hospital Sírio Libanês, Paulo Chapchap, tem outra expectativa. Para ele, a possibilidade de pessoas se vacinarem em hospitais privados ainda não está no horizonte.
– Na Europa já estão faltando vacinas. Nos EUA, também. Não antevejo a possibilidade de vivermos uma abundância capaz de suprir a demanda dos países e também chegar à iniciativa privada para que disponibilize a vacina de acordo com seus critérios. Pode acontecer? Pode. Mas o cenário hoje é uma porcentagem pequena da população vacinada e planos de vacinação atrasando. Podemos ter mais escassez do que estamos tendo agora. – afirmou o diretor do Sírio-Libanês.
Tanto Klajner quanto Chapchap defendem que as redes privadas de saúde devem atuar hoje na vacinação auxiliando o SIstema Único de Saúde (SUS).
– Neste momento de escassez de vacina não adianta, no nosso modo de ver, termos como contemplar a população que acessa o Eistein, quando o que é necessário é uma vacinação coletiva para dar certo. A função do setor privado hoje é auxiliar o SUS no que seja necessário para a vacinação. Esse auxílio pode acontecer em frentes como logística, armazenamento e o que mais for necessário. – afirmou Klajner.
Além disso, ambos se posicionam contra a aquisição de imunizantes por empresas privadas. Para eles, isso pode fazer com que pessoas que não estão na lista de prioridades sejam vacinadas antes das que estão.
– Se a iniciativa privada quiser comprar e doar vacinas para o governo, melhor ainda, aumenta nosso pool de vacinas, mas tem que doar 100% para governo, nenhuma a menos do que 100%. Porque, senão, elas vão sair da escala de prioridade que visa salvar vidas e diminuir o contágio. Na hora que as empresas vacinarem seus funcionários, entre eles estarão pessoas que não estão na escala de prioridades, naquele momento. E como é um bem escasso, essa pessoa está tirando a vacina de quem é prioridade. – disse Paulo Chapchap.
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