Polícia do Rio investiga pastor por intolerância religiosa
Foto: Reprodução
A Polícia Civil do Rio instaurou um inquérito para investigar se houve intolerância religiosa por parte do pastor evangélico Gledson Lima, que destruiu “em nome de Jesus” oferendas feitas por praticantes do candomblé em Belford Roxo, na Baixada Fluminense.
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Em vídeo publicado em seu perfil no Facebook, o pastor da Igreja Tenda dos Milagres é filmado quebrando as oferendas enquanto as chama de “maldição” em local descampado no alto de uma colina no bairro Vila Cláudia. Ele justifica que realizou o ato “em nome de Jesus” e ainda convida a um culto “para receber bênção”.
“Quebra de maldição. Estamos aqui quebrando em nome de Jesus aquilo que foi feito aqui. Quebrando aqui, como essa pedra está quebrando, assim é a palavra de Deus. Quebrando toda a maldição hereditária na sua vida. Amém? Em nome de Jesus, está sendo tudo quebrado. À glória e à honra do Senhor”, disse na gravação.
O babalorixá Natã Brandão, líder religioso responsável pelo terreiro, registrou ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) após tomar conhecimento do vídeo na última terça-feira (9). Em depoimento, explicou que a oferenda foi direcionada à Pomba Gira Maria Mulambo, em agradecimento à vida diante das dificuldades enfrentadas em meio à pandemia, e colocada em local afastado de residências.
“O que ele fez foi um ato de violência à religião, de intolerância. É uma coisa que dói no coração da gente porque não podemos fazer nada. Sempre que a gente corre atrás infelizmente a justiça é lenta, não abre uma porta para resolver a questão. Por mais que tenha sido uma violência, não vai atrás imediatamente. No mínimo, deveriam afastar essas pessoas de lideranças religiosas, porque atacam e estão sempre atormentando a gente”, afirmou o babalorixá.
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Intimado a prestar esclarecimentos, Gledson afirmou que não se manifestou publicamente até o momento para apresentar sua versão primeiro às autoridades. Questionado, justificou que destruiu as oferendas em razão do mau cheiro por terem sido colocadas próximo a seu sítio. Disse ainda que as palavras profanas faziam parte de uma oração para que pudessem quebrar as garrafas e alguidares – vasilha circular usada em rituais de religiões de matriz africana.
“Quebrei porque estava um mau cheiro terrível. Ali a gente faz culto, de vez em quando a gente almoça. Quebrei aquilo dali para jogar fora. Eles fazem isso aqui de lixeira”, disse o pastor. “Quando a gente vai mexer num ato para quebrar tem que fazer nossas orações. A gente sabe que existe o bem e a outra coisa, então a gente tem que orar para poder meter a mão. É o preceito da nossa religião, assim como eles têm o preceito deles”, concluiu.
No último sábado (6), outro terreiro de candomblé foi depredado durante festividade para Yemanjá, em Jacarépaguá, na Zona Oeste do Rio. Na ocasião, um vizinho que se dizia evangélico teve um ataque de fúria e chamou os religiosos de “bando de macumbeiros”.
Somente em 2021, a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) recebeu nove denúncias de casos semelhantes de ataque a religiões de matriz africana, um deles proferido pelo prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, durante seu discurso de posse.
“Estamos muito preocupados, porque a impunidade é que leva as pessoas não temerem azer o que elas fazem, e cada vez mais cresce esse discurso de ódio, de intolerância religiosa, de antissemitismo que nós vimos nesses dois primeiros meses”, afirmou o babalaô Ivanir dos Santos, professor da UFRJ e interlocutor da CCIR.
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