Aglomerações tornam Brasil ameaça à humanidade

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Foto: SAULO ANGELO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Nesta semana, recebi um telefonema de um casal de diplomatas que estava num país da América do Sul. A voz do outro lado da linha era de pessoas desesperadas. Precisavam voltar para seu posto na Europa e, horas antes do voo, a companhia aérea deu aos passageiros uma péssima notícia: o avião teria de fazer escala no Brasil.

O medo de uma contaminação os levou a duvidar se deveriam embarcar, enquanto consultas legais eram realizadas com as entidades onde trabalhavam para saber se passar pelo Brasil representaria um risco.

Há poucos dias, levei meu filho caçula ao dentista e, ao ver que era eu quem o acompanhava, o profissional imediatamente deu um passo para trás e perguntou: você não esteve recentemente no Brasil, não é?

Nesta sexta-feira, ao entrar na sede da ONU em Genebra, fui parado pelo correspondente do New York Times assombrado com o que leu sobre a reação do presidente Jair Bolsonaro diante da crise.

Em alguns locais, os comentários vêm permeados por ironias e até uma solidariedade sincera com o que ocorre no Brasil. Em outros, o tratamento vem de forma mais séria. Mas todos com o mesmo sentido: a desconfiança sobre o país é profunda.

Os berros das manchetes dos jornais britânicos estampavam uma “caçada” das autoridades sanitárias em busca de uma pessoa que estaria com o “vírus brasileiro”. De tanto usar a nacionalidade chinesa para deliberadamente designar a doença, Jair Bolsonaro e sua milícia digital passaram a ter de engolir de seu próprio veneno ao ver o nome do Brasil, agora, qualificar um vírus ainda mais perigoso.

Aeroportos de todo o mundo passaram a tratar qualquer um vindo do país como suspeito, enquanto a suspensão de conexões aéreas e fechamentos de fronteiras se ampliam e se estendem.

A ideia de que somos pária no mundo não é verdade. Isso já está ultrapassado. Hoje, somos uma das ameaças e o novo epicentro da crise global. Em 24 horas, 30% dos novos contaminados no planeta pela covid-19 estavam no Brasil. Na última semana, representamos 12% de todos os mortos. E pior: não há controle e nem uma estratégia para sair de um velório que parece não ter fim.

Redação com Uol

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