
Araújo cria crises políticas de olho em 2022
Foto: EFE/Joédson Alves
Não foi impulso em um domingo de tédio. Cada um dos 403 caracteres tuitados por Ernesto Araújo é resultado de um cálculo para sensibilizar o bolsonarismo raiz.
Desde o massacre do ministro pelos senadores, na semana passada, a base radical do presidente tem enaltecido Araújo, nas redes sociais, como um dos últimos bastiões no governo contra o avanço da China.
Para esse público, a presença da Huawei no 5G é expressão maior do risco que o Partido Comunista Chinês representa para o Ocidente.
Tal como seu chefe, que cancelou de última hora uma audiência em Brasília com o chanceler da França para cortar o cabelo, Araújo fez barba e bigode para os bolsonaristas radicais neste domingo (28) no Twitter.
Na mesma mensagem, apostou em duas mensagens aos seus quase 800 mil seguidores: tem coragem para um confronto aberto contra os representantes do “establishment”, portanto não renunciará ao discurso antissistema, e protegerá o Brasil contra as ofensivas da China comunista.
Na situação de fragilidade em que Araújo se encontra atualmente, pouco importa se isso não está ancorado na realidade e inviabiliza uma mínima recomposição com os senadores. Ele já assimilou, conforme interlocutores próximos, que não conseguirá mais sustentar-se no cargo.
Com os tuítes deste domingo, dá o passo final para sua “weintraubização”. Tenta deixar o cargo consagrado junto à ultradireita, como o ex-ministro Abraham Weintraub, e reforça uma impressão de auxiliares: está flertando com as eleições de outubro de 2022. A que, exatamente, dependerá das circunstâncias. Mas restam poucas opções fora da política.
Depois da provocação a Kátia Abreu (PP-TO), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, é certo que seu nome não passaria em uma sabatina como indicado para assumir qualquer embaixada do Brasil no exterior — uma possível “saída honrosa” pós-demissão.
Ser nomeado para um consulado, o que não requer sabatina, soa irrealista — é pouco, muito pouco mesmo, para qualquer ex-ministro. O prêmio de consolação mais provável parece ser o de chefe da delegação brasileira junto à OCDE, em Paris. Esse cargo não precisa de aval do Senado. Ou uma sinecura em organismo internacional, como o BID.
Até mesmo esse posto, no entanto, Araújo teria dificuldade para manter caso a oposição a Bolsonaro vença as eleições presidenciais em 2022. Um retorno à burocracia interna do Itamaraty, uma chefia de departamento no ministério, é impensável. Não haveria clima para isso.
Sobra, para o ainda chanceler, a alternativa de seguir carreira política. Ele é o segundo ministro mais popular nas redes sociais (perde só para Damares Alves) e tornou-se queridinho do bolsonarismo raiz. Não foi impulso.
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