Flavio e puxa-saco da Cultura insultam comunidade judaica
Foto: Reprodução
O secretário de Cultura Mário Frias e o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) divulgaram, em suas redes sociais, vídeo que usa um trecho do filme A Lista de Schindler, que conta uma história real durante o Holocausto, para criticar as medidas de isolamento social contra a pandemia do coronavírius. Segundo o vídeo, esta “não é a primeira vez que as pessoas são classificadas em ‘essenciais’ e ‘não-essenciais’”. A frase faz referência às restrições de horário de funcionamento ou o fechamento de estabelecimentos comerciais e de serviços em várias cidades do país, que enfrenta a pior fase da pandemia. Na quinta-feira, o Brasil registrou 2.207 mortes em 24 horas.
A analogia ao massacre de judeus durante a Segunda Guerra Mundial foi duramente criticada pelo Museu do Holocausto no Brasil. Nas redes sociais, eles questionaram: “Crê que a analogia com esta paródia agressiva não ofende sobreviventes e descendentes?” Segundo eles, a publicação prejudica “a construção da memória do Holocausto”.
“A Lista de Schindler”, secretário?
É desta forma que pretende se opor às medidas de combate à pandemia?
Crê que a analogia com esta paródia agressiva não ofende sobreviventes e descendentes? Que não prejudica a construção da memória do Holocausto?
Que vergonha, secretário. https://t.co/aEv50QwTIl— Museu do Holocausto (@MuseuHolocausto) March 12, 2021
O vídeo publicado mostra cenas em que soldados nazistas contestam a afirmação de judeus em campos de concentração de que são trabalhadores essenciais. Na cena final, um trabalhador judeu, mesmo afirmando que era essencial, é levado e executado por soldados nazistas. Ao final do vídeo, mais uma mensagem:
— Por medo, estamos permitindo políticos decidirem quem é essencial e quem não é. Cuidado. Seu trabalho é essencial. Você é essencial.
Também no Twitter, o secretário de Comunicação Mário Frias reclama que um trabalhador do setor de serviços quer levar pão para dentro de casa mas, como a área não consta como serviço essencial, não pode. Em mensagens publicadas no fim da manhã desta sexta-feira, Frias ainda tentou justificar a publicação do vídeo. “Dizer que essa analogia é uma ofensa ao grande povo judeu, que já experimentou todo esse terror na pele, é apenas um expediente retórico que tenta inviabilizar a devida crítica as nefastas e abomináveis violações às liberdades individuais que estão em andamento.”
Dizer que essa analogia é uma ofensa ao grande povo judeu, que já experimentou todo esse terror na pele, é apenas um expediente retórico que tenta inviabilizar a devida crítica as nefastas e abomináveis violações às liberdades individuais que estão em andamento.
— MarioFrias (@mfriasoficial) March 12, 2021
No canal oficial do aplicativo de mensagens Telegram, o senador Flávio Bolsonaro comenta: “O seu trabalho é ‘essencial’? A arte imitando a vida“”.