Hospitais particulares terão que parar de atender covid
Foto: CNN Brasil
O diretor de Relações Governamentais da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), Marco Aurélio Ferreira, afirmou nesta sexta-feira (26), em entrevista à CNN, que o estoque de medicamentos para o chamado kit intubação, usado no tratamento de pacientes graves da Covid-19, dura somente mais cinco dias.
Segundo Ferreira, a requisição de todo o estoque das fabricantes desses medicamentos, feita pelo Ministério da Saúde na semana passada, prejudicou o fornecimento às instituições privadas.
“Isso desestabilizou, porque, de um lado, se tem aumento no número de internações e, do outro, a não entrega desses medicamentos foi diminuindo os nossos estoques”, afirmou Ferreira. “Hoje, grande parte dos nossos hospitais estão com estoques diminuídos consideravelmente. Temos de 4 a 5 dias desses medicamentos [disponíveis]”, completou.
Na quarta-feira (24), o Ministério da Saúde afirmou à CNN que garantirá 15 dias de estoque de medicamentos do kit intubação aos estados. Os remédios começaram a ser enviados na terça-feira (23) e a previsão era que em até 72 horas chegassem aos hospitais.
O representante da Anahp, entretanto, disse que isso ainda não aconteceu e que hospitais particulares buscam entre si uma solução a curto prazo, pois, em 15 dias, não haverá nenhum medicamento disponível para a intubação de pacientes da Covid-19 na rede particular do país, segundo ele.
“Após diálogo com a Anvisa, nos autorizaram a importação desses medicamentos. Porém, isso pode solucionar o problema a médio prazo. Todas essas importações demandam transporte, logística e compras no exterior. Podemos ter acessos aos medicamentos em 20 dias. Mas, num curto espaço de tempo, de 4 a 5 dias, temos um grande problema que precisa ser resolvido”, disse Ferreira.
O maior impasse, segundo a Anahp, é que a requisição do Ministério da Saúde impede que a indústria forneça os medicamentos de forma direta aos hospitais particulares, que dependem do repasse da pasta às instituições.
“O ministério precisa vir a público colocar como será feita essa distribuição”, apelou Ferreira. “Estamos pressionando porque precisamos de soluções a curto prazo. A longo prazo, sim, as importações vão ajudar, mas precisamos que os medicamentos venham para os hospitais, sejam pequenos, médios ou grandes.”