Insatisfação do Centrão com Bolsonaro continua crescendo
Foto: Reprodução/ O Globo
“Não tem nenhum problema entre nós”, disse Jair Bolsonaro sobre Arthur Lira ontem, ao término do encontro entre os dois e Ciro Nogueira no Planalto. Não é verdade. Tem problema, sim, e os três sabem disso depois da declaração da noite de quarta-feira sobre a possibilidade de uso de “remédios amargos” no Parlamento para combater a “espiral de erros” no combate à Covid.
Desde a eleição para o comando da Câmara, em fevereiro, Bolsonaro não colocou em prática quase nada do que Lira o aconselhou a fazer. O deputado deixou claro algumas vezes que achava que os militares estão excessivamente representados no governo e que o ministro da Economia, Paulo Guedes, concentra poderes demais nas suas mãos. Também já fez críticas à atuação apagada do ministro da Educação, Milton Ribeiro.
O Planalto ignorou os palpites — a única atitude para atender ao Centrão na Esplanada até agora foi a nomeação do deputado João Roma para o Ministério da Cidadania. Quando parecia que Lira e sua turma finalmente seriam atendidos com a queda do general Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde, veio a reviravolta e a nomeação do cardiologista Marcelo Queiroga, em detrimento de nomes preferidos pela base aliada do presidente.
“Ele chamou o Congresso para dividir a culpa pela tragédia no combate à pandemia ao criar um comitê e tirar foto junto dos líderes. Logo, também tem que chamar para dividir o poder”, diz um dos mais próximos interlocutores de Lira e Ciro Nogueira. Não se trata apenas de dar cargos e emendas — a proposta de Orçamento em discussão ontem no Congresso, aliás, contempla um aumento substancial da quantidade de recursos nas mãos de parlamentares.
O que Lira e seu entorno avaliam é que a gravidade da crise do coronavírus começou a contaminar os parlamentares em suas bases. A população quer mais vacinas e menos asfalto, quadras de esportes e quaisquer outras entregas típicas das tradicionais emendas. A essa altura do campeonato, avaliam os líderes do Centrão, não dá mais para admitir atitudes como a do senador Flávio Bolsonaro, que, na quarta-feira, compartilhou em um grupo de WhatsApp de parlamentares uma mensagem usando a expressão “vírus chinês” e com mais uma insistente defesa da cloroquina como método de tratamento.
O Centrão não quer derrubar Ernesto Araújo do Ministério das Relações Exteriores por qualquer interesse no cargo em si, nada atrativo no quesito verbas e capilaridade. A questão está na percepção captada por Lira e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, após dois movimentos feitos nas últimas semanas. O presidente da Câmara apelou em carta ao embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, para ajudar o país na agilidade de oferta do insumo para a vacina da Fiocruz, que a cada semana reduz a promessa de entrega de imunizantes. Também por escrito, Pacheco pediu para Kamala Harris, vice-presidente de Joe Biden nos Estados Unidos, vacinas estocadas no país que não estão sendo usadas.
O Congresso percebeu nos últimos dias que a presença de Ernesto no Itamaraty, um apoiador declarado de Donald Trump com histórico de ofensas aos chineses, significa que as missivas dos presidentes das duas Casas seguirão inúteis no exterior.
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