Presidente negacionista da Tanzânia morre
Foto: Thomas Mukoya/Arquivo/Reuters
O presidente da Tanzânia, John Magufuli, morreu aos 61 anos, informou a vice-presidente Samia Suluhu Hassan nesta quarta-feira (17). Segundo ela, o mandatário estava internado em Dar Es Salaam, maior cidade do país, com “problemas no coração”.
Magufuli estava desde 27 de fevereiro sem fazer aparições públicas, o que aumentou rumores pelo país sobre seu estado de saúde
O governo, até o anúncio da morte nesta noite, não dava informações sobre o paradeiro do presidente — inclusive prendendo quem espalhasse boatos sobre a saúde do chefe do poder da Tanzânia. Quatro pessoas foram detidas.
Magufuli se elegeu presidente da Tanzânia em 2015 e renovou o mandato após vencer as eleições de outubro de 2020, com mais de 84% dos votos.
O sumiço levantou inclusive suspeitas de que o presidente tanzaniano poderia estar com Covid-19. Negacionista da pandemia, Magufuli sempre afirmou que a Tanzânia estava livre do coronavírus “graças a orações”.
Ele dizia que o novo coronavírus é proveniente de um demônio ocidental, e seu governo recomenda receitas caseiras — uma bebida à base de gengibre, cebola, limão e pimenta — para eliminá-lo. Ou seja, além de difundir hipóteses falsas sobre a pandemia, ele também sugeriu tratamentos alternativos que não têm eficácia para combater a Covid-19.
Oficialmente, o país tem 509 casos confirmados e 21 mortes causadas pelo vírus. As últimas infecções e vítimas foram registradas em 8 de maio de 2020. Mas, em fevereiro, o país vivenciou uma onda de mortes atribuídas oficialmente a pneumonias, o que indica subnotificação.
Há uma semana, o líder da oposição, Tundu Lissu, que está exilado na Bélgica, questionou a ausência do presidente.
E na segunda-feira, Lissu disse em uma rede social que, segundo fontes da comunidade de Inteligência, o presidente estava “com Covid-19, usava um suporte de vida e estava paralisado de um lado da cintura para baixo”.
“Independentemente do que esteja acontecendo, está claro que o governo está tentando ganhar tempo”, afirma Nic Cheeseman, professor de democracia na Universidade de Birmingham e especialista na região.
“Prolongar a espera só tem sentido se o presidente estiver muito doente, incapacitado ou morto.”, disse Cheeseman à AFP.
Também na segunda-feira, a vice-presidente do país, Samia Suluhu Hassan, disse que “nosso país está agora repleto de rumores procedentes do exterior, mas precisamos ignorá-los”. “É bastante normal que alguém tenha gripe, febre ou alguma outra doença”.