Bolsonaro aceita ir para o PRTB se puder mandar no partido

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Foto: Eraldo Peres/AP Photo

O presidente Jair Bolsonaro aguarda uma resposta da família de Levy Fidelix para saber se vai se filiar ao PRTB. A negociação tem sido conduzida pelos filhos do fundador da legenda após a morte do pai, no fim de semana. O fator que vai determinar a futura filiação é a disposição da legenda em dar carta branca a ele para alterar o comando de diretórios estaduais e ter peso nas decisões da Executiva Nacional. Ainda não há definição se a família Fidelix está disposta a fechar um acordo nesses termos.

Bolsonaro afirmou que pretende definir até o fim desta semana o seu futuro partidário, mas aliados do presidente acreditam que isso pode demorar mais.

O chefe do Poder Executivo recebeu os três filhos de Levy Fidelix na noite de terça-feira, 29, em Brasília. Levy Filho, Karina e Lívia estiveram no Palácio da Alvorada em uma reunião que também contou com a presença de Karina Kufa e Admar Gonzaga, advogados eleitorais de Bolsonaro, e do ministro do Turismo, Gilson Machado.

Levy Filho, que é secretário-geral do PRTB, e desempenha o papel de articulador político da sigla, é o mais entusiasta da ideia de filiar Jair Bolsonaro no partido. Ele se dispôs a dar total controle ao presidente da República. No entanto, a irmã Karina Fidelix resiste a entregar a carta branca a Bolsonaro. Ela tem pretensões de exercer, junto com o marido, Rodrigo Tavares, presidente do PRTB-SP, o comando do partido. Livia, por sua vez, não demonstrou ter opinião fechada sobre dar ou não o aval a Bolsonaro para tomar o PRTB da família. Os irmãos decidiram que vão debater melhor a situação e que a resposta final será dada por Aldineia, viúva de Levy, e atual presidente do PRTB.

Auxiliares do presidente da República afirmaram que não faria sentido Bolsonaro ir para um partido pequeno e não ter o total controle sobre ele. O presidente aguarda um retorno de Aldineia. Se houver autorização para controlar o partido, Bolsonaro irá decidir pelo PRTB. Há também negociações com outras siglas, como PMB, que mudou o nome para Brasil 35, e Democracia Cristã (DC), mas a avaliação no entorno de Bolsonaro é que os outros partidos só serão melhor avaliados se a negociação com o PRTB não tiver sucesso.

Antes de dizer que definiria seu destino partidário até o fim de abril, Bolsonaro havia dado o mês de março como prazo para sua decisão. As frustradas negociações para o retorno ao PSL, no entanto, contribuíram para o atraso na escolha do destino. O vice-presidente do PSL, Antonio Rueda, era quem liderava o diálogo com Bolsonaro. Auxiliares do presidente disseram ao Estadão que a volta dele ao PSL está descartada. A avaliação foi a de que Rueda fez várias promessas de entregar o comando do partido a Bolsonaro, mas recuou na hora de se comprometer e firmar um acordo sobre isso.

Bolsonaro deixou o PSL em novembro de 2019 após desavenças com o presidente da sigla, o deputado Luciano Bivar (PE). O principal motivo para a saída foi a briga por causa do controle do caixa da legenda. Em 2018, o PSL se tornou uma superpotência partidária ao eleger o presidente, 54 deputados, quatro senadores e três governadores, na esteira do bolsonarismo. Com isso, a legenda deve ter neste ano a maior fatia dos recursos públicos destinados a partidos, de R$ 103,2 milhões.

O Estadão ouviu de integrantes da cúpula do PSL que, para voltar à sigla, Bolsonaro cobrou um “alinhamento ideológico” e a expulsão de deputados que têm feito críticas mais fortes a ele, como Júnior Bozzella (PSL-SP), Julian Lemos (PSL-PB), Joice Hasselmann (PSL-SP) e Delegado Waldir (PSL-GO).

Estadão 

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