Bolsonaro usa redes para bombar “cloroquina”

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Foto: Alan Santos/Presidência da República/

O presidente Jair Bolsonaro e seus aliados são os principais responsáveis pela difusão de conteúdos favoráveis ao chamado “tratamento precoce”, a polêmica terapia que consiste no uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19, como hidroxicloroquina, ivermectina e nitazoxanida, segundo levantamento feito pela consultoria Qaest a pedido de VEJA.

O número de publicações com esse tipo de conteúdo vem crescendo no mês de março (veja quadro abaixo), em um dos momentos mais agudos da pandemia do novo coronavírus, quando o número de mortes rompeu em duas semanas a marca das 3.000 vítimas diárias e depois das 4.000 — até sexta-feira, o Brasil tinha contabilizado 348.718 mortes.

Entre os maiores influenciadores na divulgação do “tratamento precoce”, o presidente Jair Bolsonaro lidera a lista: seus posts atingiram 4,98 milhões de pessoas do início do ano até o dia 26 de março. Na sequência, aparecem o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), um conselheiro influente de Bolsonaro nesse assunto, e o filho Zero Três do presidente, o também deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) — veja quadro abaixo.

Segundo o levantamento, 28,9% dos posts do presidente Jair Bolsonaro tratam desse tema, mas ele não é o líder nesse quesito: quem aparece em primeiro é outra bolsonarista influente nas redes sociais, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), que dedica 43,3% de suas publicações para falar da controversa terapia (veja quadro abaixo).

O tema é considerado tão prioritário para Bolsonaro que nesta semana ele fez questão de viajar até a cidade de Chapecó, no oeste de Santa Catarina, onde o “tratamento precoce” é adotado em larga escala pelo prefeito João Rodrigues (PSD), que vende a sua política contra a Covid-19 como uma experiência de sucesso, discurso que é replicado pelos bolsonaristas nas redes sociais.

No entanto, não é assim. A cidade está com 100% de seus leitos de UTI ocupados (129 vagas) e registrou mais mortes desde janeiro, quando Rodrigues assumiu (414), do que em todo o ano passado (125). Para conter a pandemia, o prefeito precisou recorrer à adoção do lockdown, medida que é diariamente combatida por Bolsonaro.

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