Câmara dribla governistas e obriga Braga Netto a depor
Foto: Divulgação/ Ministério da Defesa
Dois dias após a crise gerada nas Forças Armadas com a demissão do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, pelo presidente Jair Bolsonaro, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados aprovou ontem a convocação do novo ministro, Walter Braga Netto, para dar explicações à Casa. O motivo do comparecimento será a suposta compra superfaturada de picanha e cerveja para os militares, mas a oposição pretende aproveitar o momento para questionar a tentativa de interferência política na pasta.
O “cochilo” do governo, que não negociou a transformação da convocação (que é obrigatória) em convite (geralmente ignorado pelos ministros), fez com que Braga Netto seja o primeiro ministro da Defesa convocado por uma comissão regular da Câmara na história. Houve uma única convocação anterior, mas por comissão parlamentar de inquérito, que chamou o então ministro Waldir Pires, em 2007, para falar sobre a colisão do jato Legacy com um avião da Gol, mas CPIs sempre convocam as pessoas para oitivas, mesmo quando há acordo.
Parlamentares dividiram-se entre os que viram uma trapalhada do governo ao não mobilizar aliados para impedir a votação simbólica e os que viram recado da base governista de que a interferência política nas Forças Armadas não será aceita tranquilamente. Bolsonaro demitiu Azevedo na segunda-feira, considerado mais moderado e crítico das investidas do presidente para utilizar os militares como arma política, e colocou no lugar Braga Netto, que chefiava a Casa Civil. No dia seguinte, os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica foram demitidos juntos.
Único governista presente à sessão na hora, o deputado Hildo Rocha (MDB-MA) disse que o governo não procurou ninguém para barrar o requerimento. “Vai ser um desgaste muito grande para o ministro e para as Forças Armadas, o autor do requerimento falou que tem denúncias gravíssimas de superfaturamento, de direcionamento de licitação para membros da mesma família”, disse o emedebista, que foi o responsável por, logo em seguida, negociar a transformação de um requerimento de convocação do ministro da Economia, Paulo Guedes, em convite.
O deputado Hélio Lopes (PSL-RJ), um dos mais próximos do presidente, chegou quando a votação já estava em curso. “Lá tem um bocado de gente do governo, eu representei porque sou do PSL. Mas é melhor você falar com o Vitor Hugo [líder do PSL] ou o Ricardo Barros [líder do governo na Câmara]”, justificou-se.
O ministro marcou a audiência para o fim do prazo de 30 dias, em 28 de abril, o que deve dar tempo para que esfrie a crise política em torno das Forças Armadas. Autor do requerimento, contudo, o deputado Elias Vaz (PSB-GO) afirmou que cobrará explicações. “Quando o ministro vem aqui, as perguntas são livres e há suspeita gravíssima de tentativas de ruptura democrática”, disse. O motivo da convocação é a compra de 80 mil latas de cerveja e “indícios claros” de superfaturamento de itens como picanha (comprada, segundo Vaz, a R$ 84 o quilo). “São preços claramente superfaturados”, disse.
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