Conselho Nacional de Saúde acusa Bolsonaro de abandonar o país

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Foto: Site do PT

Entidade vigilante e crítica da atuação desastrosa do governo federal desde o início da pandemia no Brasil, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) lançou um manifesto, no Dia Mundial da Saúde, celebrado nesta quarta-feira (7), para condenar o que classificou como um “genocídio deliberado” no país. Em documento divulgado no portal do órgão, o CNS acusou Jair Bolsonaro de abandonar o Brasil e deixar a população à própria sorte. O conselho organizou, junto a outras entidades de saúde, protestos em frente ao Congresso Nacional em defesa da vida.

Enquanto a entidade protestava na Esplanada, Bolsonaro confirmava, em Foz do Iguaçu, o desprezo pela vida dos brasileiros. “Não vamos chorar o leite derramado. Estamos passando ainda por uma pandemia que, em parte, é usada politicamente. Não para derrotar o vírus, mas para tentar derrubar o presidente. Todos nós somos responsáveis pelo que acontece no Brasil”, justificou Bolsonaro.

 

O CNS também lamentou o sucateamento do Sistema de Único de Saúde (SUS) por meio do chamado Teto de Gastos, que congelou investimentos em saúde e educação por 20 anos. “O Brasil foi abandonado pelos que optaram por apostar no ajuste fiscal, na manutenção da Emenda Constitucional 95/2016, na redução do auxílio emergencial e no fim da verba emergencial para enfrentamento da Covid-19 em 2021”, acusou a entidade.

“Mais da metade do orçamento da União está intocado para dar conta do pagamento dos juros e encargos da dívida pública”, aponta o CNS. “Isso é genocídio”, define o órgão, que responsabiliza o governo pela maioria das mortes por Covid-19 no país.

“De acordo com a pesquisa Epicovid, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), poderíamos ter evitado 225 mil mortes até março se tivéssemos ações adequadas coordenadas a nível nacional, se o governo não fosse negacionista, se comprasse vacinas no tempo adequado”, afirma o CNS, no documento.

O CNS reivindica ainda vacina gratuita para toda a população por meio do SUS, auxílio emergencial de R$ 600 enquanto durar a pandemia, revogação do teto de gastos e um financiamento adequado às necessidades do SUS.

A catástrofe brasileira levou o CNS, o Conselho de Saúde do Distrito Federal (CSDF) e outras entidades de saúde a ocuparem a Esplanada dos Ministérios para protestar, homenagear profissionais da linha de frente na pandemia e mobilizar a sociedade civil em defesa do SUS e da vida.

“Celebramos o 7 de abril com uma mistura de sentimentos: tristeza pelos recordes que não gostaríamos de ter e ao mesmo tempo gratidão pelo SUS existir e pelos profissionais de saúde, que arriscam suas vidas para salvar tantas outras”, disse a presidenta do Conselho de Saúde do DF, Jeovania Rodrigues, ao portal do CNS.

O presidente do CNS Fernando Pigatto lembrou que a saúde é um direito do povo brasileiro, assim como é dever do Estado promover o bem estar da população com vacina universal.

“Queremos a vacinação pelo sistema público de saúde para toda população, orçamento adequado para o SUS, auxílio emergencial de, no mínimo R$ 600, a valorização dos profissionais de saúde e a garantia de direitos para nosso povo”, ressaltou Pigatto.

Os alertas e protestos do CNS vão de encontro às observações do neurocientista Miguel Nicolelis que, recentemente, condenou a ausência de um estadista no país para adotar medidas para proteger o povo, como o lockdown.

“Quem vai ser o interlocutor da República brasileira? Para entender que ou a gente faz alguma coisa agora ou o país vai começar a se desintegrar?”, questionou o cientista, em participação no programa Tertúlia, da TV Democracia, nesta quarta.

Nicolelis sustenta que o Brasil tem mortalidade de uma guerra civil. “Não existe Poder Executivo”, justificou. “ O Congresso olha para o outro lado, aprova a compra de vacinas privadas… Então quem é o interlocutor para salvar o Brasil dessa hecatombe?”.

Há semanas, o cientista prevê um cenário com pessoas mortas sendo abandonadas nas ruas se nada for feito para frear o avanço do vírus, causando um colapso funerário de proporções trágicas.

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