Entenda por que igrejas são focos de covid

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Foto: Jacqueline Lisboa/Especial Metrópoles

No último sábado (3/4), o ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu que governadores e prefeitos não podem proibir a realização de missas e cultos, apesar da situação de pandemia de coronavírus. O assunto é polêmico, e o plenário da casa deve votar, na próxima quarta (7/4), se os templos religiosos realmente poderão funcionar.

Apesar da discussão, especialistas da área da saúde vêm afirmando, desde o começo da pandemia, que centros religiosos estão entre os locais com maior risco de transmissão do Sars-CoV-2. Ambientes fechados, com ar-condicionado, em que as pessoas ficam próximas, cantam e rezam, propiciam o contágio.

A médica Lívia Vanessa Ribeiro, da Sociedade de Infectologia do DF, explica que, neste momento da pandemia, não é prudente realizar qualquer tipo de evento em ambientes fechados.

“Não há como garantir que não haja contaminação em ambiente fechado. Em cerimônias religiosas, as pessoas falam, cantam e oram em voz alta, o que aumenta a dispersão de aerossóis (gotículas de saliva). Além disso, nas igrejas e/ou templos religiosos, é difícil ter controle em relação a cumprimentos de mão e abraços. Sem contar que não há como saber se todos os participantes estão usando máscaras de material e gramatura apropriados”, conta a especialista.

Ela lembra que a fé é muito importante em momentos difíceis como este que o Brasil está passando, mas a orientação é que as atividades sejam feitas todas de forma virtual. Se a necessidade for extrema, a médica recomenda que o encontro seja em ambiente aberto, com distanciamento de dois metros entre as pessoas e uso de máscara obrigatório.

Além dos aerossóis, há também a preocupação com a transmissão por meio dos olhos. A oftalmologista Marina Dantas, do Visão Hospital de Olhos, lembra que passar a mão no órgão, ainda que para limpar lágrimas, pode ser o suficiente para causar a contaminação. O uso de álcool em gel e lenços descartáveis é essencial nessas situações.

“Os indivíduos têm usado máscara, o que felizmente já se tornou um hábito, mas reforço que não podemos deixar de pensar nos olhos. Se apresentar qualquer sintoma, como coceira, ardência, lacrimejamento e vermelhidão nos olhos, é fundamental procurar o oftalmologista”, diz a médica.

Um estudo feito pela Associação Médica do Texas, nos Estados Unidos, em 2020 mostra que ir a culto religioso que envolva mais de 500 pessoas é uma atividade considerada de alto risco, assim como ir ao bar, a um show ou evento esportivo em estádio.

Outro levantamento, desta vez organizado pelo Departamento de Saúde de Illinois, também nos EUA, considera os centros religiosos locais perigosos para a transmissão da Covid-19 e sugere que a única maneira de diminuir o risco é promover cultos e missas de forma remota.

Há casos, na Coreia do Sul, nos Estados Unidos, na Malásia e Alemanha, de surtos de Covid-19 que tiveram início em igrejas – em um dos centros religiosos americanos, o vírus se espalhou por mais de 320 quilômetros do templo.

Metrópoles

 

 

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