EUA e Inglaterra voltam a ter jogos com público
Foto: Ray Tang/Anadolu Agency via Getty Images
Uma das primeiras medidas que possibilitaram a volta dos esportes em meados do ano passado era de que os jogos seriam disputados sem a presença de torcedores nos estádios, como parte do protocolo para evitar aglomerações. Dessa forma, os times tiveram de ser criativos para substituir o calor humano das arquibancadas, chegando a criar situações inusitadas. No entanto, após medidas de lockdown bem-sucedidas e avanços em programas de vacinação, alguns países e ligas não terão mais que se contentar com substitutos para a paixão dos torcedores.
No último sábado, o estádio Wembley recebeu 4 mil torcedores para acompanhar a semifinal da Copa da Inglaterra, entre Leicester e Southampton. O público foi o maior desde que a entrada de fãs em estádios foi proibida desde março do ano passado. Apesar de o número ser pequeno em relação à capacidade total do gigante londrino (90 mil pessoas), o confronto foi apenas o primeiro de uma série de três-eventos teste que o governo irá fazer como forma de averiguar a viabilidade do retorno progressivo de fãs aos estádios.
O próximo será a final da Carabao Cup, entre Manchester City e Tottenham, também em Wembley, no dia 25 deste mês. O confronto abrigará 8 mil torcedores. E, por último, o plano é de que a Final da Copa da Inglaterra, entre Chelsea e Leicester, em 15 de maio, receba 21 mil torcedores.
Para que o plano seja concretizado, no entanto, o governo britânico está fazendo um detalhado monitoramento dos torcedores que têm comparecido ao estádio Wembley. Entre as exigências para que seja permitida a entrada, estão a apresentação de um teste de fluxo lateral feito até 24 horas antes da realização do jogo e dois testes PCR — um antes da partida e outro feito cinco dias depois. Além disso, no estádio, as medidas de distanciamento social estão sendo mantidas, ventilação está sendo fornecida e o comportamento dos torcedores, tanto na chegada quanto na saída dos eventos, será observado por meio de câmeras de vigilância.
Tais testes só estão sendo possíveis por causa das medidas bem-sucedidas de distanciamento social implementadas no Reino Unido. Em 19 de janeiro, registrou 1.359 mortes por Covid, número que caiu para 22 de acordo com dados disponibilizados pelo Worldometers.info, uma queda de mais de 95%.
A vacinação no Reino Unido já contemplou mais de 95% da população com 50 anos ou mais e planeja vacinar o resto de sua população adulta (21 milhões de pessoas) até o fim de julho. Com uma população de 67.89 milhões de pessoas, 48.66% delas já foram vacinadas. Em comparação, o Brasil, com 212.56 milhões, vacinou apenas 11.66% de sua população, de acordo com dados da Our World in Data.
Estados Unidos
A exemplo do Reino Unido, a ampla campanha de vacinação nos Estados Unidos tem permitido o país flexibilizar suas medidas de combate ao coronavírus. Os EUA são o local do mundo com mais doses do imunizante contra a Covid-19 aplicados até o momento. Até a terça (20/4), o país tinha aplicado 213 milhões de doses das 272 milhões entregues – alcançando a meta de 200 milhões de doses antes dos 100 primeiros dias de governo do presidente Joe Biden.
Segundo dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês), 40% da população receberam pelo menos uma dose da vacina, e 26% estão totalmente vacinado. A expectativa do órgão é que, se a campanha seguir o ritmo atual, de 3 milhões de doses aplicadas por dia, 70% dos americanos terão sido imunizados até 23/6, alcançando a chamada imunidade de rebanho.
No esporte, isso tem se traduzido na volta gradual de torcedores às arquibancadas. Na NBA, dos 30 times, apenas três ainda mantêm seus portões fechados (Chicago Bulls, Oklahoma City Thunder e Portland Trail Blazers). O resto, têm permitido que entre 10 e 35% dos seus assentos sejam preenchidos. Até o fim de abril, o plano é que a maioria dos times permita a entrada de até 3 mil torcedores em suas arenas.
Vale destacar que a NBA foi uma das ligas pioneiras no combate ao coronavírus. Para que a temporada passada pudesse ser finalizada, foi criada uma bolha, em Orlando, onde jogadores, técnicos e funcionários ficaram isolados por mais de três meses. A experiência foi bem-sucedida, já que nenhum caso de contágio foi registrado na disputa. Para a temporada 2020-21, a entidade colocou em prática uma série de protocolos de segurança envolvendo viagens e contato entre jogadores.
O Miami Heat, franquia que vem recebendo 15% da capacidade total de 19.600 da American Airlines Arena, foi uma das primeiras equipes a montar um esquema de segurança para voltar a abrir as portas para torcedores. O time tem usado “cães farejadores de Covid”. De acordo com a ESPN americana, os fãs são levados para uma área de detecção do vírus e o cachorro passará por eles. Se o cão continuar caminhando, o fã será liberado. Se ele sentar, isso é considerado um sinal de que o vírus foi detectado e o torcedor não poderá acompanhar a partida dentro do ginásio.
Em outras ligas, como a NHL (hóquei) e a MLS (futebol), a situação é semelhante, com cada equipe permitindo uma fração da capacidade de seus estádios e arenas. O Arizona Coyotes tem permitido 7.900 torcedores na Gila River Arena, 46% de sua lotação, enquanto o Orlando City deu as boas-vindas a 12 mil fãs, 50% do Exploria Stadium, no último fim de semana. Além disso, em fevereiro, o estádio Raymond Jones, em Tampa Bay, recebeu 25 mil fãs para acompanhar o Super Bowl, e em 10 de julho, Las Vegas deve receber a luta entre McGregor e Poirier, pelo UFC 264, com 100% da lotação esgotada.
Com quatro países na lista dos locais que registram os maiores números de casos da Covid-19 e apenas cerca de 10% da sua população total vacinada, a América do Sul segue na maré contrária dos países que têm visto uma melhoria nos números de casos e óbitos. Os campeonatos locais e grandes competições, como a Libertadores e Sul-Americana, continuam sendo disputados, mas sem planos para a abertura de portões.
Nessa quarta, Ivan Duque, presidente da Colômbia, que organizará a Copa América em conjunto com a Argentina, confirmou que a competição será disputada com portões fechados. “Esta Copa América será disputada sem público, visto as circunstâncias neste momento e a opinião também dos especialistas em epidemiologia”, afirmou.
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