Quase 1/5 das cidades brasileiras não têm 2a dose da vacina
Foto: Gustavo Moreno/Especial Metrópoles
Nesta semana, 869 municípios brasileiros ficaram sem doses para a segunda aplicação da vacina contra a Covid-19 dentro do prazo estabelecido pelo laboratório fabricante. A informação consta na pesquisa publicada pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) nesta sexta-feira (30/4), com dados colhidos entre os dias 26 e 29 de abril.
O estudo não detalha qual é o imunizante que está em falta nas cidades. No entanto, diversos estados e o próprio Ministério da Saúde já relataram que os problemas notificados referem-se à vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan.
De acordo com o CNM, 2.831 municípios foram procurados para responder à pesquisa sobre a falta de imunizantes. Os que não receberam a segunda dose representam 30,7% dos locais citados no estudo.
Na última semana, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que o atraso na distribuição de vacinas para a segunda dose da Coronavac foi causado pela demora na entrega do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) ao Instituto Butantan.
Em pronunciamento no Palácio do Planalto na quarta-feira (28/4), Queiroga disse que a aplicação da segunda dose em grupos prioritários deve ser regularizada apenas na próxima semana.
A coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI), Francieli Fantinato, disse nesta sexta que a falta da segunda dose da vacina Coronavac nos estados deve estar ocorrendo porque os municípios “avançaram nos grupos de vacinação”, não seguindo as orientações do Ministério da Saúde.
A escassez de medicamentos para intubação orotraqueal de pacientes com Covid-19 também foi um dos temas abordados na pesquisa. De acordo com o CNM, 641 municípios afirmaram que houve risco iminente de que os hospitais locais ficassem completamente desabastecidos dos remédios que compõem o kit intubação.
O número representa 22,6% dos 2.831 municípios procurados para o estudo. O dado é menor do que o coletado pela confederação no fim de março. Entre os dias 23 e 25 do último mês, 1.316 gestores locais afirmaram enfrentar o risco de escassez de remédios.
Mesmo com a redução, o sinal é de alerta. “A CNM destaca que, apesar da queda, a situação ainda é crítica diante dos impactos que pode trazer ao tratamento das pessoas em estado grave”, afirmou a organização, em nota.
O estudo da CNM mostra que, nesta semana, o risco de falta de oxigênio afetou 223 cidades, o que representa 7,9% dos municípios procurados. Entre 23 e 25 de março, a escassez desse insumo foi registrada em 709 locais.
Apesar do baixo índice, há outro dado expressivo: o de pacientes intubados em unidades de pronto atendimento (UPAs).
Entre os gestores locais procurados pela pesquisa, ao menos 77 informaram que há pacientes intubados nas UPAs locais. O número representa 64,7% do total de cidades procuradas pela pesquisa.
“A CNM espera que esses dados possam ser utilizados de forma a auxiliar os municípios brasileiros neste momento de dificuldade e ações concretas sejam realizadas para mitigar os problemas nos sistemas de saúde de todo o país”, afirmou a confederação.
Em nota técnica publicada na segunda-feira (26/4), o Ministério da Saúde detalhou quais são os grupos prioritários que esperam a chegada da vacina. São 416.507 pessoas, que representam 3% dos trabalhadores da saúde; 6,2% dos profissionais das forças de segurança, salvamento e Forças Armadas; e 1,9% dos idosos entre 60 e 64 anos de idade.
O prazo de aplicação da segunda dose desses cidadãos vence entre os dias 12 e 20 de maio.
A pasta ressalta que a redução da eficácia do imunizante é “improvável” em caso de atraso na aplicação da segunda dose – no entanto, pontua que o prazo de vacinação deve ser respeitado. Para a Coronavac, a segunda etapa vacinal deve ser finalizada quatro semanas após a primeira dose.
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