Araújo reitera insultos à senadora Katia Abreu
Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo
O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo reiterou nesta terça-feira a acusação feita contra a senadora Kátia Abreu (PP-TO) de que a parlamentar praticava lobby em favor dos interesses da China na área de telefonia 5G. O episódio, lembrado durante a sessão da CPI da Covid, foi considerado a gota d’água da saída de Araújo do comando do Itamaraty.
Na oitiva com o ex-chanceler nesta terça, o senador Angelo Coronel (PSD-BA) afirmou que Araújo foi “maldoso e leviano”. O parlamentar disse que a participação do ex-integrante do governo de Jair Bolsonaro na CPI da Covid era a oportunidade para um pedido de desculpas.
O ex-chanceler, no entanto, não quis se retratar. “Na referência que eu fiz a determinado comportamento da senadora Kátia Abreu, eu simplesmente disse a verdade, eu simplesmente relatei um fato. Então, eu jamais vou me arrepender de dizer a verdade”, afirmou.
Com a resposta de Araújo, o senador disse que ficou claro o motivo que provocou a exoneração do ex-chefe da diplomacia brasileira. “Realmente, é um absurdo ver um diplomata, que deveria usar a diplomacia para tratar bem as pessoas, usar a diplomacia para atacá-las”, concluiu.
A suposta irregularidade cometida pela senadora foi sugerida por Araújo no Twitter. A postagem contou com reação imediata do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e outros senadores. Durante o seu depoimento, o ex-chanceler admitiu que sua saída ocorreu após desgastes com o Senado.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) protestou contra a declaração do ex-chanceler contra a colega senadora durante a sessão da CPI da Covid. Para ela, não era possível ficar calada ao ver o ex-integrante do governo ratificar a acusação de “crime de tráfico de influência”, o que elevou os ânimos na sessão.
O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), pediu calma e disse que, caso Kátia se sentisse acusada injustamente, ela poderia tomar as “providências legais”.
Durante a sessão desta terça, Kátia Abreu ameaçar a quebra de sigilo do trecho do áudio da reunião ministerial de 22 de abril de 2020 em que, segundo a senadora, o então chanceler teria feito ataques à China. Na sessão de hoje, o ex-ministro negou que tenha assumido uma postura de hostilidade em relação à China.
Com o tema da acusação contra a senadora trazido novamente à sessão, Araújo disse que o assunto já estava sendo discutido na Justiça. “Esse tema já está, na verdade, judicializado e as testemunhas falarão em juízo para esclarecimento desse tema”, afirmou o ex-chanceler.