Bolsonaro convocou manifestação amanhã contra CPI
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Formalmente, será uma manifestação de ruralistas e outra chamada Marcha da Família Cristã pela Liberdade. Na prática, estão sendo programadas, para este sábado em Brasília, duas manifestações conjuntas de apoio a Bolsonaro, com aglomerações, contra o distanciamento social e contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), e o ministro Ricardo Lewandowski, do STF, devem ser os personagens mais criticados da manifestação. Mas vai sobrar para outros, como o presidente e o vice-presidente da CPI, senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e os ministros do Supremo de sempre: Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Alexandre de Moraes.
Nos bastidores, o presidente Jair Bolsonaro incentivou os bolsonaristas, desde o início, a inflarem a manifestação. Agora já o faz abertamente. Ele tem dito, inclusive, que deverá estar presente.
Sua visita hoje a Mato Grosso do Sul não é à toa. É do estado o presidente nacional da Aprosoja (Associação Nacional do Produtores de Soja), Antonio Galvan, que chegou a reclamar da dificuldade de conseguir apoio financeiro dos ruralistas para o movimento.
Nesta quinta-feira, 14, Bolsonaro convocou em vídeo os ruralistas de Mato Grosso para comparecerem na manifestação. O vídeo foi gravado pelo deputado José Medeiros (Podemos-MT). Nele, Bolsonaro afirma: “Até sábado, aqui na Esplanada [dos Ministérios, Brasília], com ruralistas do Brasil todo.” Assista:
Agora Antonio Galvan está mais otimista. Calcula que a manifestação reunirá 20 mil ruralistas de todo o país. Em entrevista em seu estado, ele declarou que se encontrou com Bolsonaro durante solenidade em Brasília, na quarta-feira, 12, e que o presidente confirmou presença na manifestação. Assista:
À medida em que avançam os trabalhos da CPI, a estratégia de Bolsonaro é aumentar o tom de seu radicalismo, na tentativa de intimidar a oposição.
Nesse pacote, entra também a aprovação do voto impresso pelo Congresso. Na passagem por Alagoas, nesta semana, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) anunciou, ao lado de Bolsonaro, que irá acelerar a votação do projeto.
Bolsonaro respondeu que Lira será o “pai do voto impresso” e que a “mãe” será a presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Bia Kicis (PSL-DF), que desenterrou a proposta.
A ideia dos bolsonaristas é, caso Bolsonaro perca as eleições de 2022, criar aqui no Brasil uma chicana jurídica semelhante à que ocorreu nos EUA, quando Donald Trump foi derrotado por Joe Biden.
Em meio às contestações ao resultado das urnas, os aliados do atual presidente — já mais organizados com as sucessivas marchas de apoio até lá – poderão confundir à vontade o quadro político.
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