
Bolsonaro queria que covid devastasse presídios
Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo
Em 31 de março, reuniu-se pela primeira vez, no Palácio do Planalto, o comitê de coordenação contra a Covid, com Jair Bolsonaro, Rodrigo Pacheco, Arthur Lira e Marcelo Queiroga. Muita gente duvidou do sucesso de um grupo criado para tratar do combate ao coronavírus comandado por Bolsonaro. Quem não acreditou na conversão do negacionista maior, acertou.
Aparentemente, o comitê morreu (ou está morrendo). O combinado era um encontro quinzenal. O último já não ocorreu — e até sexta-feira passada o Palácio do Planalto não convocara ninguém para qualquer reunião nesta semana.
Nos três encontros do comitê, o desconforto e a irritação de Bolsonaro eram evidentes. Num deles, se mostrou contrariado pelo fato dos presos integrarem o grupo prioritário para vacinação. “Pô, são uns vagabundos. Tem gente que precisa mais”.
Foi-lhe explicado, então, que, que é crucial imunizar os presidiários, entro outros motivos para proteger os agentes penitenciários e também a população das cidades onde as prisões estão localizadas.
E mais: se houvesse um contágio desenfreado nas prisões, o resultado poderia ser um morticínio da população carcerária — o que teria um violento impacto para o governo. Ao que um Bolsonaro, meio contrariado, comentou: “Bem que a natureza poderia ajudar um pouquinho, né?”.