Bolsonaro volta apoiar atos antidemocráticos em Brasília
Foto: Joédson Alves/Estadão
Quase um ano depois, o presidente Jair Bolsonaro voltou a sobrevoar em helicóptero militar uma manifestação com viés autoritário a seu favor na Esplanada dos Ministérios neste sábado, 1º de maio. Ao lado do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general de Exército da reserva Augusto Heleno, Bolsonaro acenou da janela da aeronave a apoiadores. O presidente e o ministro observaram a aglomeração de militantes bolsonaristas e de carros na zona central de Brasília. Integrantes da equipe de segurança presidencial também estavam no helicóptero.
Em solo, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho 03 do presidente, discursou sobre um caminhão de som e circulou entre carros de apoiadores. Embora o uso de máscaras seja obrigatório no Distrito Federal, ele posou para fotos, sem máscara, ao lado de deputados da base aliada e de autoridades do governo, como o secretário nacional de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Júnior. Outros parlamentares também discursaram, aglomerados, em frente ao Congresso Nacional.
Antes do sobrevoo, um grupo menor, de dezenas de manifestantes apoiadores do governo, levantou faixas antidemocráticas pedindo intervenção militar, com as frases: “Intervenção militar com Bolsonaro no poder” e “Presidente Bolsonaro acione as Forças Armadas (FFAA)”. No momento em que os parlamentares discursaram, essas faixas não foram mais vistas.
Embora houvesse expectativa entre os manifestantes de que Bolsonaro compareceria à manifestação, o helicóptero não pousou na área central da capital. Uma carreata em apoio ao presidente ocupou as seis faixas do Eixo Monumental.
No ano passado, em 31 de maio, o presidente fez diferente. Bolsonaro sobrevoou um protesto na mesma região, mas que chegou até a Praça dos Três Poderes, com ataques ao Legislativo e ao Judiciário, representados na simbologia dos manifestantes pelos líderes da cúpula da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF). O cunho das palavras de ordem também era autoritário e cobrava intervenção. Bolsonaro não só desceu e cumprimentou manifestantes, como cavalgou entre eles.
Na ocasião, ele estava acompanhado do então ministro da Defesa, general de Exército da reserva Fernando Azevedo e Silva. Ainda no ar, ambos apareceram perante a multidão, quando a porta de acesso do helicóptero oficial foi aberta. O fato causou constrangimento na caserna, pois Bolsonaro sempre cobrou mais apoio político das Forças Armadas a seu governo, o que incomodava uma parcela dos generais e o próprio ministro.
O descontentamento de Bolsonaro com a falta de demonstrações de apoio dos comandantes militares foi um dos fatores que levaram à demissão do ministro no mês passado. O substituto de Fernando Azevedo, general de Exército da reserva Walter Souza Braga Netto, não apareceu nas imagens gravadas de dentro do helicóptero presidencial neste sábado.
O 1.º de Maio, Dia do Trabalho, também teve manifestações em São Paulo e Rio de Janeiro que reuniram críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) por parte dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Nas redes sociais, políticos contrários à gestão do governo federal frente à pandemia do novo coronavírus se manifestaram.
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