Braga Netto veta compra de bebidas alcoólicas caras pelo Exército

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Foto: Isac Nobrega / Presidência

O ministro da Defesa, Walter Braga Netto, disse nesta quarta-feira em audiência na Câmara que recomendou às Forças Armadas a suspensão na compra de bebidas alcoólicas. O ministro justificou que a bebida era consumida em confraternizações “depois de uma atividade estressante”.

— Nós já fizemos a recomendação para que isso seja evitado, já foi evitado isso aí, tá? Não vou comentar situações que ocorreram no passado. Agora, tem confraternizações, o pessoal vai para uma atividade estressante, quando eles voltavam era feita uma confraternização. Hoje em dia isso é feito com contribuição de cada um — afirmou Braga Netto.

O ministro foi questionado pelo deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) sobre a necessidade de consumo de bebidas em cerimônias em plena pandemia de Covid-19. Documento do próprio ministério confirmou a compra de 80 mil latas de cervejas de várias marcas. Em sua defesa, a pasta justificou também que as bebidas eram usadas para temperar alimentos.

O caso veio à tona após a repercussão negativa ao gasto de R$ 15 milhões do governo federal com leite condensado. Levantamento feito por deputados revelou que os comandos das Forças Armadas adquiriram picanha, bacalhau, salmão, e ainda apontou superfaturamento desses produtos. O Tribunal de Contas da União (TCU) abriu investigação para apurar possíveis irregularidades.

— Na nossa cabeça não entra que em um momento de pandemia, de dificuldade, as Forças Armada estão gastando com esse tipo de alimento, alimento caro que a maioria da população não tem acesso — disse deputado Elias Vaz (PSB-GO), ressaltando também os gastos com cerveja: — Esse volume de cerveja para temperar comida, não dá!

Braga Netto defendeu os gastos com alimentação e afirmou que há total transparência nas aquisições realizadas pela pasta.

— Não descarto a possibilidade de algum ato irregular, mas qualquer ato irregular que for feito pelas Forças Armadas será devidamente apurado — garantiu.

Essa é a terceira participação de Braga Netto em audiências no Congresso em um período de 15 dias. O ministro participou de reunião na Comissão de Relações Exteriores do Senado no dia 29 de abril, e também esteve na Comissão de Relações Exteriores da Câmara no último dia 5.

Mas desta vez, o ministro da Defesa foi convocado pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara sendo obrigado a comparecer ao colegiado para explicar sobre leitos ociosos de Covid-19 em hospitais militares.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) classificou a convocação como “ato de desagravo” após o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ter derrubado um requerimento para que o ministro da Defesa explicasse a compra de itens considerados não essenciais.

O ministro voltou a negar que existam leitos de UTI ociosos em hospitais das Forças Armadas. Segundo ele, um leito vago não quer dizer que é leito ocioso.

— O paciente estabiliza, o leito passa a estar vago, isso não significa que eu não tenho outro paciente para o leito — explicou.

Uma tabela com a ocupação média de leitos de UTI da rede do Exército foi apresentada pela equipe do ministro, destacando que “não foi nada diferente do que viveu a população brasileira” com superlotação dos leitos. No mês de abril, dos 13 hospitais, nove apresentavam ocupação acima de 100%. A menor taxa era de Manaus com 49%.

Ainda de acordo com os dados, foram registrados 84.601 mil casos de coronavírus nas Forças Armadas, com 3.450 óbitos – 97% deles entre militares da reserva. A incidência dos casos é maior entre os militares da ativa, atingindo 15,8% do efetivo das três Forças.

O Globo 

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