Colégios de elite têm aulas presenciais sem professor

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Foto: Divulgação/Colégio Oswald de Andrade

Escolas particulares de São Paulo retomaram as aulas presenciais, mas algumas delas ocorrem com o professor no ensino remoto. O UOL confirmou que pelo menos três colégios da capital e dois de Guarulhos, na região metropolitana, têm situações como essa.

Os colégios Oswald de Andrade e Vera Cruz, na capital, informaram que a medida é adotada para seguir os protocolos de segurança contra covid-19 definidos pelo Plano São Paulo, definido pelo governo estadual para controle da pandemia de coronavírus. Já na unidade do Morumbi do Visconde de Porto Seguro e no Lourenço Castanho, a aula online para alunos na sala acontece apenas quando o professor é do grupo de risco para covid-19.

Professores disseram ao UOL, na condição de anonimato, que a medida não “ajuda em nada” e torna o processo de aprendizagem ainda mais difícil. “Quando estão os alunos na escola e os professores em casa tem um lado positivo de proteger as pessoas e as ‘bolhas’. Mas pedagogicamente fica muito difícil de articular a aula”, afirmou uma educadora.

No colégio Oswald de Andrade, por exemplo, a diretora geral Andréa Andreucci contou que os professores não trocam de sala quando a aula termina. Se o professor de matemática entra para dar a primeira aula do dia ao 8º ano, por exemplo, ele vai continuar as outras aulas com a mesma turma, mas sua função passa a ser de apoio ao professor que está no remoto.

A logística não é fácil, mas vamos criando possibilidades para evitar exposição e para trabalhar a readaptação do aluno com a escola, que é importantíssima.
Andréa Andreucci, diretora do colégio Oswald de Andrade

A professora, no entanto, avalia que não é a melhor alternativa. “Ficamos muito dependentes do trabalho do adulto que está em sala acompanhando as crianças e esse adulto sobrecarregado com um trabalho de gerenciamento de sala que devia ser nosso, mas que não dá para fazer online”, argumenta.

Uma outra professora de uma escola particular da zona oeste disse que está no remoto, pois faz parte do grupo de risco. “Me sinto mal porque sei que outro colega está se expondo para me proteger. Sei que não deveria, que o problema é a falta de vacina”, apontou.

Acredito que as escolas optem por isso porque infelizmente a gente se acostumou a entender escola como um lugar onde as crianças ficam quando os pais vão trabalhar. Então, se os pais têm que voltar a trabalhar, as escolas precisam abrir. Não é uma preocupação pedagógica, é uma preocupação social.
Professora de escola particular que não quis se identificar

Para os pais, essa não é a melhor alternativa também. Uma empresária, que pediu anonimato, disse que gostaria de ser avisada pelo colégio sobre o estilo de aula. “Só fico sabendo quando meu filho chega em casa e diz que o professor estava no telão. As escolas precisavam ter uma organização melhor.”

Uma psiquiatra disse que só autorizou os filhos a participarem de aula presencial porque o local onde moram atualmente é pequeno e dificulta os estudos no modelo remoto. “Nesse momento, nada é confortável. Não estou confortável com a pandemia, então o que eu penso: o que é menos desconfortável? Por isso aceitei que eles fossem para a escola”, explicou.

Ela também afirmou que a ida presencial dos filhos para escola está ajudando na aprendizagem dos estudantes.

A diretora geral do Oswald disse que a medida tem dado certo. “Estamos focando na segurança das pessoas, pensando no pedagógico, na didática bem criativa para entreter e na tecnologia que precisa estar impecável.”

Em nota, o colégio Visconde de Porto Seguro afirmou que mantém no remoto os professores do grupo de risco. “Quando um professor está online, temos monitores de aprendizagem que acompanham a turma”, informou.

O Vera Cruz pontuou que o formato de aula citado “não é regra” e que a “complexidade do planejamento e da organização do modelo híbrido exige soluções diversificadas”. O colégio relatou ainda que dividiu os alunos em subgrupos para prevenção e faz um rápido rastreio em caso de suspeita de contágio do coronavírus.

O colégio Lourenço Castanho disse, também em nota, prezar pela saúde dos seus colaboradores e que “há sim casos pontuais de professores que fazem parte de grupo de risco e ainda não foram vacinados com a segunda dose”. O colégio afirmou que, nessas situações, sempre há um educador com formação adequada e do mesmo componente curricular para apoio aos alunos.

“Levando em consideração todas as medidas de segurança necessárias, como uso de máscara e distanciamento, e realidades bastante específicas dentro da nossa comunidade, a riqueza do convívio presencial está mais do que assegurada neste momento”, alegou o colégio.

Uol

 

 

 

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