CPI quer saber de Wajngarten sobre insinuação de Pazuello
Foto: Marcos Corrêa/PR
A CPI da Covid terá nesta semana novos depoimentos que podem causar dor de cabeça ao Palácio do Planalto. Nesta terça-feira, 11, os senadores vão ouvir o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, e, na quarta, 12, o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten.
O depoimento de Wajngarten é o mais aguardado desta rodada porque ele já demonstrou ter artilharia pronta contra o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que deverá depor à CPI no dia 19. Em entrevista à revista Veja, o ex-secretário de Comunicação afirmou que o general foi responsável por atrasar a compra de vacinas da Pfizer.
Além da possível negligência do governo em adquirir os imunizantes, integrantes da CPI querem apurar qual o interesse do ex-secretário em agir a favor da empresa farmacêutica. “Por que o Fabio estava tão envolvido em fazer o lobby para Pfizer para comprar a vacina? Por que foi demitido?”, questionou o senador Otto Alencar (PSD-BA).
“A demissão do Pazuello coincidiu com a demissão do Fábio. O Pazuello saiu dizendo que foi porque não quis pagar propina”, disse o senador.
Ao sair do cargo de ministro, em março, o general insinuou que recebeu pedidos de propina. “Chegou no fim do ano, uma carreata de gente pedindo dinheiro politicamente. Todos queriam um pixulé no final do ano”, disse Pazuello em seu último discurso.
O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), evitou comentar se houve lobby de Wajngarten pela Pfizer e disse que o curso dos trabalhos vai determinar o que aconteceu. “Isso é uma coisa que o depoimento poderá indicar ou não. Nós vamos fazer uma sabatina séria novamente, fazer as perguntas que precisam ser feitas do ponto de vista da investigação e do ponto de vista da sociedade”, afirmou Renan.
Para o senador Otto Alencar, também é preciso esclarecer a viagem da comitiva do governo a Israel para testar uma tecnologia de medicamento contra covid por spray. Wajngarten foi um dos que estiveram na viagem.
“Spray? Cadê o spray? Gastou para ir lá e voltar, cadê o spray?”, perguntou Alencar. “Essas coisas vão ser apuradas todas. CPI se vê depois do relatório”.
Não somente a vacina da Pfizer estará no foco do colegiado nesta semana. Senadores querem ouvir do diretor-geral da Anvisa os motivos pelos quais a vacina Sputinik V, da Rússia, não foi liberada pela agência.
Sobre a comunicação do governo voltada para a pandemia, não há unanimidade. O senador Otto Alencar avalia que o gabinete do ódio, equipe de assessores com assento no Planalto, responsável por ataques coordenados a opositores do governo, não deve ser alvo da CPI da Covid, mas sim da CPI das Fake News, que teve seus trabalhos paralisados por conta da pandemia.
Já o senador Humberto Costa (PT-PE) defende que seja investigado o papel da Secom na disseminação de notícias falsas contra opositores do Planalto. “Qual a participação da Secretaria de Comunicação, qual foi a divulgação de notícias falsas, de desinformação, se a Secretaria de Comunicação pagou sites que atuam dessa maneira. Vamos trabalhar para ver isso”, disse.
Renan Calheiros afirmou que a CPI solicitou informações do inquérito das fake news. “Nós requisitamos as informações da CPI e vamos ter uma conversa com o Supremo Tribunal Federal para termos acessos às investigações que estão ocorrendo lá”.
Governo minimiza impacto da CPI
O líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-RO), minimizou eventuais impactos negativos para o governo do depoimento de Wajngarten e disse que o ex-ministro da Saúde vai poder dar sua versão sobre o atraso de vacinas quando for falar à CPI no dia 19 de maio. “Como o Pazuello está convocado, dia 19, o Pazuello vai lá e responde. Eu não sei exatamente se ele (Wajngarten) tinha muito a ver com vacina. Tem que aguardar, não dá para saber”, afirmou.
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