Filhos aconselham Bolsonaro a radicalizar contra investigações

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Foto: Reprodução/ O Globo

O estilo menos bélico ensaiado pelo presidente Jair Bolsonaro nos últimos meses parece ter capitulado com o início da CPI da Covid. A comissão representou derrota fragorosa para o Planalto, que tentou de todas as formas impedi-la. Bastaram dois depoimentos — dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, que deixaram o governo por divergências com o presidente — para que Bolsonaro retomasse em alta voltagem o velho discurso.

A situação só piora. Ontem o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, passou por apuros diante dos senadores na tentativa de contemporizar. Num depoimento constrangedor, foi incapaz de dizer se é contra ou a favor do uso da cloroquina no tratamento da Covid, aberração que não encontra respaldo na ciência. Equivocou-se nos índices de vacinação e se atrapalhou na pergunta mais óbvia: quantas vacinas afinal foram contratadas. Disse que o número de 280 milhões, informado pelo próprio ministério, estava incorreto. Falou em 560 milhões, depois baixou para 530 milhões, por fim ajustou para 430 milhões, fora a Fiocruz.

Na quarta-feira, enquanto Teich depunha, Bolsonaro subia o tom. Em mais uma bravata, ameaçou baixar um decreto para garantir o direito de ir e vir, desafiando o aval do Supremo a medidas de restrição adotadas por prefeitos e governadores contra o vírus. “Nas ruas, já se começa a pedir, por parte do governo, que ele baixe um decreto. E, se eu baixar um decreto, vai ser cumprido”, disse. Balela. No mesmo dia, chamou de “canalha” quem é contra o disparate do “tratamento precoce” à base de cloroquina, ivermectina e outras drogas comprovadamente ineficazes (e perigosas) contra a Covid-19.

Mais grave, acusou a China de ter criado o vírus Sars-CoV-2, com o intuito de empreender uma “guerra química” (sic). A declaração não poderia ser mais desastrosa. Além de maior parceiro comercial do Brasil, a China é hoje o único fornecedor do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) para a produção de vacinas tanto na Fiocruz (Oxford/AstraZeneca) quanto no Butantan (CoronaVac), que hoje sustentam o Programa Nacional de Imunização.

Não demorou mais que 24 horas para que ficassem evidentes as consequências da inconsequência de Bolsonaro. O diretor do Butantan, Dimas Covas, informou ontem que poderão faltar doses da CoronaVac a partir de 14 de maio. E culpou a postura do governo federal por atrasos no IFA.

A radicalização do discurso é obra do filho Zero Dois, Carlos Bolsonaro, que, com o início da CPI, voltou a dar as cartas na estratégia de comunicação, embora não tenha atribuição formal para isso. A orientação é partir para o confronto com as instituições. Na avaliação do Zero Dois, o comportamento mais conciliador não conseguiu evitar a CPI da Covid.

A aposta implícita é que, até o ano que vem, com a maior parte da população vacinada, a pandemia estará sob controle. Manter mobilizada a base mais fanática é uma forma de se contrapor aos ataques da CPI e de chegar com força à disputa eleitoral. Para isso, nada melhor do que semear a divisão apostando em temas que polarizam: tratamento precoce, China e medidas de restrição. As bravatas não conseguirão, porém, interromper os rumos da CPI. Podem, em vez disso, prejudicar o combate à pandemia. A cada dia, erros e omissões do governo ficam mais expostos. E a CPI está só começando.

O Globo

 

 

 

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