Lira acha que Lula e Bolsonaro vão polarizar eleição
Foto: Sérgio Lima/Poder360
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse na manhã desta 3ª feira (25.mai.2021) que não acredita em uma 3ª via nas eleições de 2022.
Segundo ele, o histórico mostra que a tendência é de polarização entre o atual presidente, Jair Bolsonaro, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Lira falou no evento CEO Conference, do banco BTG Pactual.
“Sinceramente eu não acredito no Brasil em 3ª via, não houve desde 1989”, declarou o presidente da Câmara. Ele citou Marina Silva (Rede), que conseguiu 21% dos votos em 2014, mas que derreteu em 2018. Na última eleição, teve 1%.
As pesquisas de intenção de voto atualmente mostram Lula e Bolsonaro na dianteira. O PoderData aponta que cada um tem 32%. Lira afirmou que “pesquisa é retrato do momento”.
Disse que pode ser efeito da escassez de vacinas e do período em que não houve auxílio emergencial, no início do ano. Segundo o presidente da Câmara, Bolsonaro está em seu pior momento e Lula em seu melhor.
“Eu não acredito que vai haver 3ª via porque os 2 vão convergir para o centro e o centro vai escolher quem é o melhor para governar em 2022”, declarou Arthur Lira.
O deputado se tornou presidente da Câmara com o apoio do governo federal. Aproximou-se de Jair Bolsonaro no início de 2020. Perguntado sobre a possibilidade de Bolsonaro retornar ao PP para disputar a próxima eleição, disse que esse é um assunto para Ciro Nogueira, presidente da sigla.
Bolsonaro está sem partido desde o fim de 2019. Ele se desentendeu com a cúpula do PSL, sigla pela qual foi eleito, em uma disputa de poder dentro da legenda. A Aliança pelo Brasil, partido que o presidente da República gostaria de criar, não decolou.
Lira também defendeu a possibilidade de haver voto impresso associado às urnas eletrônicas. Assim, seria possível contar uma amostra aleatória dos votos, e não necessariamente todos, para se certificar de que não há indícios de fraudes nas eleições.
O principal apoiador do voto impresso é o presidente da República, Jair Bolsonaro. Mas há apoio à proposta inclusive em partidos de oposição, como PSB e PDT.
O presidente da Câmara fez diversos afagos ao mercado. “A questão não é se deve ou não existir o mercado, mas como existir um mercado cada vez melhor”, declarou.
Ele também disse que aprovar reformas é mais difícil do que ter sucesso em uma vaquejada. A prática consiste em, a cavalo, derrubar um boi em alta velocidade dentro de um espaço delimitado. “Não é fácil, mas é mais fácil que aprovar determinadas reformas no Brasil”, declarou.
O presidente da Câmara declarou que espera aprovar a reforma administrativa e entregar para análise do Senado até o começo do 2º semestre. O projeto é discutido atualmente na CCJ da Câmara.
Ele citou a reforma tributária. Disse que a partir da próxima semana poderão ser indicados relatores para temas que serão tratados na Câmara na forma de projetos de lei. Lira citou as discussões da unificação de PIS e Cofins na CBS, de remodelagem do Imposto de Renda e do IPI.
O deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) é relator na parte constitucional da reforma na Casa, mas esta deve começar pelo Senado. Aguinaldo era muito próximo do ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e tentou concorrer com Lira pela principal cadeira da Casa.
O início da parte constitucional pelo Senado poderá esvaziar o protagonismo de Aguinaldo na reforma.
Na 2ª feira (24.mai), Lira se reuniu com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para discutir o assunto. Horas depois, Pacheco anunciou a partilha da reforma tributária entre as duas Casas.