Ministro das Comunicações defende cargo “filho” no governo
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Na mira da CPI da Covid, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) foi defendido publicamente nesta quarta-feira pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, durante um evento no Piauí. Carlos, que estava no fundos do palco, apareceu e sentou-se ao lado de outras autoridades após ter sido “convocado” por Faria. O elogio ocorreu semanas após atuação do vereador na comunicação do governo gerar atritos.
Em seu discurso, Fábio Faria criticou a CPI por, segundo ele, dizer que “um filho não pode ficar perto do pai”. Membros da comissão querem investigar a participação de Carlos na negociação de vacinas, após o ex-presidente da Pfizer no Brasil e atual gerente geral na América Latina, Carlos Murillo, afirmar que o vereador participou de reunião no Palácio do Planalto com a diretora jurídica da Pfizer, Shirley Meschke.
— Sabe o que a gente está vendo na CPI? Que um filho não pode ficar perto do pai. Se tiver uma reunião, um almoço, do Bolsonaro e algum filho estiver perto, é crime, general Heleno. Eu quero saber se o senador Renan não conversa com o filho dele, lá em Alagoas. Eu quero saber se os senadores que estão na CPI não conversam os seus filhos, se eles não podem participar de almoço, de jantar, de conversa. Porque um filho tem que ficar do lado do pai — discurso Faria.
O ministro, então, pediu para Carlos “aparecer” e disse que ele deve ficar em Brasília, e não no Rio de Janeiro, onde exerce mandato como vereador. Após ser citado, Carlos surgiu no palco, cumprimentou Faria e sentou-se.
— E eles fazem isso porque eles sabem que Carlos Bolsonaro foi responsável pela eleição de Jair Bolsonaro. Apareça, Carluxo. Não fique no Rio, não. Fique do lado do seu pai, em Brasília.
Como o GLOBO mostrou no início do mês, Carlos retomou as rédeas da narrativa do governo federal. O vereador passou duas semanas em Brasília, entre o final de abril e o início de maio, período em que esteve diversas vezes com o pai no gabinete presidencial e ajudou a rever a estratégia de comunicação do governo, fechando-se ainda mais para a imprensa e com foco nas redes sociais. Como em outros momentos de crise, Carlos, mais uma vez, aconselhou o presidente a partir para o confronto que agrada à militância ideológica e ajuda a desviar o foco dos problemas do governo.
De acordo com a colunista Bela Megale, esse movimento de Carlos gerou mais uma crise entre a Secom, que cuida da comunicação da Presidência, e o gabinete de Jair Bolsonaro. A secretaria de comunicação passou a ficar ainda mais alijada de informações do presidente. O comentário geral entre membros da Secom é de que Carlos Bolsonaro deveria assumir formalmente o posto de chefe da comunicação da Presidência, pois assim haveria chance de conseguirem trabalhar.