PSDB contraria Doria e propõe prévias com pesos diferentes
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A comissão das prévias presidenciais do PSDB finalizou, nesta segunda-feira (31), sua proposta de eleições internas para a direção nacional do partido, que irá deliberar as regras sugeridas pelo grupo e aprovar a versão final.
Em uma derrota para o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que defendia voto de todos os filiados e com o mesmo peso, a ideia é fazer a votação em quatro grupos, “todos com peso unitário de 25% do total de votos (observada a proporcionalidade)”.
Os grupos são: um de filiados; um de prefeitos e vice-prefeitos; outro de vereadores, deputados estaduais e distritais; e o quarto grupo reúne governadores, vice-governadores, senadores, deputados federais, ex-presidentes e presidente do PSDB. Dentro de cada grupo, os votos têm o mesmo peso.
Isso significa que os votos de cada candidato dentro de cada grupo serão contabilizados dentro da proporção de 25%. Por exemplo, se um candidato receber 100% dos votos de um grupo, a contagem final será de 25% para ele.
Outro exemplo: no grupo um, o canditato A tem 60% dos votos e o B, 20%. Na conta final, o A soma 15% e o B, 5%. Primeiro, é feita a apuração em cada grupo e, depois, se chega ao resultado final com a somatória.
A data sugerida é o dia 21 de novembro, um adiamento em relação à data inicialmente marcada pelo presidente do PSDB, Bruno Araújo, em 17 de outubro —outro revés para Doria, que queria a manutenção das prévias na data prevista. Se houver segundo turno, seria em 28 de novembro.
Já Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul, defendia o modelo federativo para limitar a vantagem de São Paulo —segundo o TSE, o estado concentra a maior fatia (22%) dos 1,3 milhão de filiados do PSDB pelo país.
Na terça-feira (1º), o parecer da comissão será entregue à executiva nacional do PSDB, que irá deliberar e aprovar, na próxima semana, no dia 8, a versão final do texto.
“Nesse intervalo, o partido e os pré-candidatos à presidência manterão os diálogos e entendimentos para homologar a versão definitiva do relatório”, afirma o presidente do PSDB, Bruno Araújo, em nota.
Para membros do PSDB consultados pelo Painel, a proposta final garante que todos os presidenciáveis tenham cance de vencer —desde que articulem dentro de cada grupo— e não entrega nenhum favorito logo de cara.
Doria tinha minoria na comissão das prévias, coordenada pelo ex-presidente do PSDB e ex-senador José Aníbal. Seu representante era Marco Vinholi, secretário do governo e presidente do PSDB em São Paulo.
Também fizeram parte da comissão Lucas Redecker, deputado gaúcho aliado de Leite, Cinthia Ribeiro (prefeita de Palmas-TO), Izalci Lucas (senador), Marcus Pestana (ex-deputado) e Pedro Vilela (deputado).
Na reunião desta segunda, apenas Vinholi demonstrou contrariedade com a proposta de grupos de mesmo peso, que foi aprovada pela maioria.
Segundo o relatório do encontro, “a criação de um colégio eleitoral único formado apenas pelos filiados do partido, com voto paritário” foi proposta, mas não aprovada.
A justificativa para o adiamento para novembro é a preocupação com a pandemia do coronavírus e a previsão de que a vacinação estará mais avançada até lá. Por outro lado, pesou a avaliação de que as prévias devem ocorrer ainda neste ano, já que outras candidaturas, como de Jair Bolsonaro (sem partido), Ciro Gomes (PDT) e Lula (PT), estão em clima de campanha.
Na avaliação de tucanos, a pressa de Doria pelas prévias em outubro faz parte de uma estratégia do governador de viabilizar sua candidatura ao Planalto em outro partido, caso perca a votação interna do PSDB.
José Aníbal afirmou ao Painel que considera a proposta de prévias democrática, por ser aberta à participação de todos os tucanos. “Vai estimular o debate e a ação de mobilização e conquista de votos pelos pré-candidatos e a construção de uma candidatura para tirar o Brasil da deriva, com liberdade, democracia e combate às desigualdades”, disse.
Pestana afirma que as prévias têm três objetivos —unificar o partido em torno de um nome; apresentar os presidenciáveis tucanos aos eleitores por meio da campanha e dos debates internos; e construir um programa de governo a ser apresentado no pleito de 2022.