Vida de Pazuello será resolvida nesta semana
Foto: Aline Massuca/Metrópoles
“E segue o baile”, expressão usada pelo general Hamilton Mourão, vice-presidente da República, a respeito de uma história que se arrasta sem conclusão. “A situação está sob controle, só não se sabe de quem” — outra tirada do mesmo general, essa irônica, para indicar que ninguém controla determinada situação.
Completou, ontem, uma semana que o general da ativa Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, mandou às favas o Regulamento Disciplinar do Exército e o Estatuto dos Militares ao pilotar uma moto na companhia de milhares de motociclistas do Rio, subir num carro de som e discursar para uma multidão.
Estava proibido de fazê-lo. Sabia que estava, como o presidente Jair Bolsonaro, ao seu lado, sabia também. Mesmo assim o fez. Militar da ativa não pode participar de manifestação política- partidária. Se pudesse, alguns deles teriam comparecido à manifestação do último sábado contra o governo.
Como ficariam então a hierarquia e a disciplina, valores tão cultuados pelas Forças Armadas que se dizem apartidárias? Nos dias que antecederam o golpe militar de 64, o presidente João Goulart confraternizou com marinheiros rebelados. A sorte de Goulart foi selada naquela ocasião; acabou deposto e exilado.
O comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, tem amplo apoio do seu Estado Maior, e dos comandantes da Marinha e Aeronáutica, para punir Pazuello exemplarmente. Pode adverti-lo apenas, censurá-lo ou até prendê-lo por 30 dias. Mas está numa enrascada: Bolsonaro rejeita qualquer punição.
Enquanto o baile segue e a situação permanece sob o controle não se sabe de quem, o general corre o risco de desmoralizar-se. E, pior: de desmoralizar o Exército. Esgota-se, esta semana, o prazo para que Nogueira faça alguma coisa ou nada, dando o assunto por encerrado. Bolsonaro e Pazuello apostam na impunidade.
Foi no que deu apoiar a eleição de um ex-capitão afastado do Exército por ter planejado atentados a bomba a quartéis, e acreditar que poderia mais tarde conduzi-lo pela mão. Quem é o condutor até aqui e o conduzido? A farda, que Bolsonaro já não veste, está salpicada de lama e cheira mal. De quem é a culpa?