Cientista prevê que covid matará 1 milhão no Brasil
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Após o Brasil ultrapassar a marca de 500 mil mortes por Covid-19, o neurocientista Miguel Nicolelis afirma o país repete “os mesmos erros básicos de manejo da pandemia”.
Segundo ele, os fluxos em rodovias e aeroportos recebendo passageiros de diversos países se mantém os mesmos e isso, sem bloqueios sanitários, pode agravar a situação de disseminação da doença. O neurocientista e outros pesquisadores brasileiros assinam um estudo publicado nesta segunda-feira (21) na revista científica Nature sobre como a Covid-19 se espalhou pelo país.
“Os mesmos mecanismos que a gente prescreve [no trabalho científico] de espalhamento do vírus continuam funcionando nesse momento, então temos fluxo nas rodovias, aeroportos recebendo pessoas com variantes, como a indiana e a andina, que são altamente transmissíveis. Países que só apostaram na vacinação, sem lockdown e outras formas de bloqueio sanitário, não conseguiram dar conta. Então continuamos a repetir os mesmos erros básicos de manejo da pandemia.”
De acordo com os dados estudados pelos profissionais, a cidade de São Paulo foi a que mais disseminou a doença. Segundo o neurocientista, o número de mortes por Covid-19 deve aumentar ainda mais ao longo do ano de 2022. Segundo ele, o país pode atingir um milhão de mortos pela doença.
“Hoje em dia é muito difícil fazer uma previsão acurada, tão acurada quanto a que fizemos em março e que bateu em cima da previsão [dos 500 mil mortos em junho]. Nós multiplicamos por 10 o número de mortes em um ano. Nos últimos quatro meses, fomos de 250 para 500 mil vítimas da Covid, dobramos. É concebível, se nada for feito junto com a campanha de vacinação, que a gente possa atingir em algum momento em 2022 por volta de um milhão de óbitos no Brasil”, disse Nicolelis.
Ao analisar a média de mortes, Nicolelis afirma que o Brasil pode passar os Estados Unidos em número de mortos pela Covid-19 nos próximos 60 dias. “Nos transformaremos no país com o maior número de óbitos no mundo.”
“Vamos completar 83% dos óbitos esperados anualmente, em todas as causas, em sete meses. O que é um absurdo completo. Fomos da média mensal de 100 mil óbitos por todas as causas para 185 mil em abril e março. As perspectivas, se apostarmos só na vacinação, que está capengando na segunda dose, podemos dobrar o número de óbitos nos próximos oito meses no Brasil”, avaliou o neurocientista.