Ciro ataca Lula em entrevista a canal bolsonarista
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Em entrevista ontem à jornalista Leda Nagle, transmitida pelo Instagram, o ex-ministro Ciro Gomes, provável candidato do PDT à Presidência, voltou a atacar o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os nomes que lideram as pesquisas de intenção de voto para 2022.
Além de citar Bolsonaro como despreparado, “analfabeto, grosseiro, bruto e corrupto”, Ciro disse que o atual presidente roubava dinheiro da quota de combustível de seu antigo gabinete de deputado, mantinha funcionários fantasmas e embolsava verba do auxílio moradia da Câmara mesmo morando em Brasília. Afirmou ainda que o presidente “corrompeu os filhos”.
Antes de defender o que chamou de “projeto nacional de desenvolvimento”, Ciro disse que o país passa pelo momento de maior estagnação econômica em 120 anos e que Bolsonaro “está agravando” o problema. “Ele não tem projeto nenhum e Paulo Guedes não entende nada [de economia]”.
Em relação a Lula, Ciro repetiu que enxerga o ex-presidente como “parte do problema”, já que, em suas palavras, foi o petista que levou a corrupção para o centro do sistema político.
Apesar do desconforto de colegas do PDT com os recorrentes ataques a Lula, de quem foi ministro da Integração Nacional, Ciro não poupou o ex-chefe. Disse que o petista “mente ao povo dizendo que foi inocentado” na Lava-Jato. “Só anularam a sentença e mandaram começar tudo de novo”, afirmou. “Ele [Lula] não teve o devido processo legal [ao ser condenado por Sergio Moro]. Mas isso está longe de ser inocentado”, completou.
Ciro disse que, no passado, alertou Lula sobre a aproximação com figuras que foram investigadas e condenadas por corrupção, como o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, o ex-ministro Geddel Vieira Lima e o ex-senador Eunício Oliveira, todos do MDB.
Sempre em tom crítico, apontou nomes de personagens que depois fizeram delação premiada, como o ex-ministro Antonio Palocci e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. “E Lula não sabia de nada?”, questionou.
Ciro não mencionou – e nem foi questionado a respeito – o nome do publicitário João Santana, recém-contratado para moldar sua imagem pública. O marqueteiro também teve proximidade com o petista, também foi acusado em esquema de corrupção e fez delação para devolver dinheiro e ter abatimento de pena.
Em outro trecho, Ciro reclamou da privatização da Eletrobras. “Estão entregando ao capital estrangeiro o controle do regime de águas do país”, afirmou. “Se eu for eleito, trarei de volta o controle nacional da Eletrobras”.
Os canais de Leda Nagle são frequentados e vistos com simpatia por bolsonaristas. Antes do início da entrevista, ela publicou um post reclamando dos “chatos de plantão que ficam o dia inteiro dizendo ‘’ah, não pode entrevistar o Ciro’”. “Não adianta ficar me aporrinhando”, disse ela a parte de seus seguidores. “Pare com essa chatice. Pode parar de me encher o saco, nem vou ligar”, completou.
No início da conversa, ela disse que as pessoas “ficaram nervosas” com o anúncio da entrevista. “Eu não mordo, não”, brincou Ciro.