Cloroquinas têm tarja vermelha e estão sendo vendidas irregularmente
Foto: Reprodução
A exposição do faturamento das fabricantes de remédios do kit Covid por causa da CPI levantou uma velha discussão na indústria: a falta de fiscalização na venda de medicamentos tarja vermelha sem prescrição médica pode ter facilitado o consumo de produtos como cloroquina e ivermectina. Procurado pelo Painel S.A., Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma, que reúne o setor, diz que as farmacêuticas respeitam a regra ao imprimir a tarja, mas quem vende ao cliente é a farmácia.
“A indústria farmacêutica defende há muito tempo que a tarja vermelha deve ser cumprida. Se tem a tarja, a farmácia tem que dispensar com base no receituário do profissional de saúde habilitado, e não porque vizinho ou sobrinho ou alguém na televisão falou. Isso evitaria os efeitos colaterais que eventualmente ocorrem”, afirma Mussolini.
Nas redes de drogarias, por sua vez, a Abrafarma, entidade que representa o varejo, afirma que desconhece práticas de farmácias vendendo remédios, como ivermectina e cloroquina, sem receita. A associação diz que não há deliberação sobre o tema.
Procurada pelo Painel S.A., a Anvisa diz que a ivermectina e a hidroxicloroquina sempre foram sujeitas à prescrição. A agência afirma que, na pandemia, editou exigências adicionais para coibir a venda irregular. Também diz que a fiscalização da venda e a dispensação de medicamentos sujeitos à prescrição médica é uma atividade das vigilâncias sanitárias locais.
Nesta semana, a EMS informou à CPI que faturou R$ 142 milhões com remédios do kit Covid em 2020, valor oito vezes superior a 2019. Só com ivermectina, saltou de R$ 2,2 milhões para R$ 71,1 milhões na pandemia. A farmacêutica também produziu azitromicina, hidroxicloroquina e nitazoxanida, todos sem eficácia comprovada contra o coronavírus.