Deputado diz que Bolsonaro mente sobre vacina superfaturada

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Foto: Reprodução

O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) pediu hoje que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) “diga a verdade” sobre a compra da vacina Covaxin. O parlamentar disse à imprensa que alertou Bolsonaro sobre um suposto esquema de corrupção envolvendo a compra do imunizante.

Nas redes sociais, ele também criticou Bolsonaro por não o defender após a denúncia.

“Você fala tanto em Deus e permite que eu e meu irmão, sejamos atacados por tentarmos ajudar o seu governo! Sempre te defendi e essa é a recompensa?”

 

Ontem, o presidente Bolsonaro determinou à Polícia Federal que investigue as declarações do deputado Luis Miranda sobre as suspeitas quanto à compra da vacina Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech.

Segundo Miranda, ele se encontrou com Bolsonaro em 20 de março para levar a denúncia sobre o caso —um mês após o governo assinar o contrato para aquisição da vacina. De acordo com o parlamentar, ele apresentou documentos que apontavam irregularidades.

O deputado ainda acusou Bolsonaro de atacá-lo com fake news por meio do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni.

“Só tentei combater uma possível corrupção. Deus sabe da verdade!” Luis Miranda

 

O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), classificou as declarações de Onyx como “criminosas”. Em entrevista à GloboNews, Calheiros disse que a fala do ministro “interfere nas investigações” e “coage testemunhas”. O parlamentar adiantou ainda que Onyx será convocado para prestar esclarecimentos à CPI da Covid.

Segundo reportagem publicada na terça (22), documentos do Ministério das Relações Exteriores mostram que o governo comprou a Covaxin por um preço 1.000% maior do que, seis meses antes, era anunciado pela própria fabricante.

Um telegrama sigiloso da embaixada brasileira em Nova Déli de agosto do ano passado, ao qual o jornal teve acesso, informava que o imunizante produzido pela Bharat Biotech tinha preço estimado em 100 rúpias (US$ 1,34 a dose). Em dezembro, outro comunicado diplomático dizia que o produto fabricado na Índia “custaria menos do que uma garrafa de água”.

Em fevereiro deste ano, porém, o Ministério da Saúde pagou US$ 15 por unidade (R$ 80,70, na cotação da época) —a mais cara das seis vacinas compradas até agora. Luis Miranda deve ser ouvido como testemunha da CPI da Covid na sexta-feira (25).

Uol