Desconfiança marca propugnadores da “terceira via”
FOTO: FELIPE RAU/ESTADÃO
Apesar de louvável, a iniciativa de reunir expoentes do centro numa rodada de diálogo ainda não despertou entusiasmo nos bastidores do grupo. A bigorna amarrada às expectativas é uma: quem está disposto a conversar não tem o famoso “voto”, componente essencial para se chegar ao poder numa democracia. O apresentador engajado Luciano Huck, por razões óbvias, era, sim, a grande esperança desse grupo para conquistar corações e mentes, mas não rolou. De resto, ainda há desconfianças pairando no ar. Por ora, impera o baixo-astral.
O clima é de “saloon” de faroeste, segundo envolvidos nas conversas: todo mundo achando que alguém trairá o grupo no final, buscando o que for melhor para o seu partido.
Luiz Henrique Mandetta, por exemplo, lidera o diálogo, mas não responde a uma pergunta singela: por que o partido dele, o DEM, não pensou na unidade do centro antes de implodir a candidatura desse mesmo centro à presidência da Câmara? A implosão fortaleceu um dos polos, Jair Bolsonaro.
Presente na reunião, o Solidariedade está de namoro firme com Lula.
Baixo-astral à parte, a turma do centro quer atrair mais partidos para a “mesa democrática”, entre eles o PSB de Carlos Siqueira e o PSD de Gilberto Kassab. O primeiro, porém, está perto de Lula e o segundo pensa em lançar candidatura própria.
“Alguns partidos têm timing próprio. Almocei na semana passada com Kassab. Há muitos pontos em comum, mas ele ainda está montando individualmente suas estratégias”, disse Mandetta (DEM).
Huck entrou para a lista das “Viúvas Porcinas” da política brasileira: nomeações e candidaturas que foram sem nunca terem sido, como a personagem de Dias Gomes.
Huck deixou a sensação entre líderes políticos de que sua longa indecisão apenas atrasou os debates e criou expectativas que acabaram não se concretizando, reforçando a sensação de que Bolsonaro e Lula são mais fortes do que na verdade parecem ser.