Ex-chefe do GSI de Bolsonaro critica leniência com Pazuello

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Foto: Reprodução

Ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Sérgio Etchegoyen chamou de “indefensável” a decisão do Exército de não punir Eduardo Pazuello: “Sou um soldado disciplinado, fui assim minha vida inteira. Não vou criticar uma decisão do comandante do Exército, até porque a julgo indefensável”, disse o general da reserva à Coluna. Etchegoyen é conhecido por ser discreto e respeitado. Nos bastidores, militares de alta patente se disseram incrédulos, chocados, e decepcionados: Jair Bolsonaro conseguiu um Exército só “seu”.

Segundo generais da ativa e da reserva, a decisão corrói, mas não desestabiliza institucionalmente o Exército. O silêncio que se impõe agora é para pensar que tipo de reação pode ocorrer, sem desestabilizar o País. Porque, uma vez que isso ocorra, não há controle do processo.

Além de criar um precedente perigoso, a decisão do comandante Paulo Sérgio Nogueira pode quebrar a posição monolítica do Exército. Antes, uma diretriz era dada e todos a obedeciam. E agora?

Reservadamente, ministros do STF lamentaram a decisão. Lembraram que uma reputação é difícil de ser construída e poucos erros podem derrubá-la.

O Exército, infelizmente, estaria seguindo esse rumo, deixando-se dominar pelo presidente.

O entorno de Pazuello comemorou a decisão e afirmou que ela já era esperada. A defesa foi “técnica”, disse um interlocutor do ex-ministro da Saúde, e o general conhece como ninguém o regimento.

Pazuello ficou sabendo da decisão na noite de quarta-feira, 2.

O ex-ministro deve voltar mais forte para a CPI: continua na ativa (só vai para a reserva quando acabar a comissão) e recebeu esse importante respaldo do Exército.

Com base no depoimento repleto de contradições dado à CPI da Covid pela “capitã cloroquina” Mayra Pinheiro, a deputada Natália Bonavides (PT-RN) acrescentou denúncia à ação de sua autoria na PGR para investigar o TrateCov.

Senadores do G7 (independentes e oposição) na CPI da Covid deram, num primeiro momento, um passo atrás com a decisão do Exército.Sempre críticos e combativos, não quiseram entrar nessa seara para não esticar a corda e, com isso, na visão do grupo, fazer o jogo de Bolsonaro.

Além disso, segundo a leitura dos senadores, por mais que alguns militares não curtam Bolsonaro, ele gostam muito menos Lula, o líder nas pesquisas sobre a eleição de 2022.

Estadão