França também abole uso de máscaras após vacinação eficiente

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Foto: Phil Noble – 11.jun.21/AFP

O premiê da França, Jean Castex, anunciou nesta quarta-feira (16) que o uso de máscaras de proteção contra o coronavírus não será mais obrigatório no país em espaços ao ar livre a partir desta quinta-feira (17). O item continuará sendo exigido, no entanto, em ambientes com muita gente, como estádios.

O toque de recolher a partir das 23h, instituído no final do ano passado e planejado para durar até o final de junho, será suspenso no próximo domingo (27). Segundo Castex, as decisões foram tomadas porque a situação sanitária da França melhorou mais rapidamente do que as autoridades previam.

Depois que restaurantes, bares e cafés foram autorizados na semana passada a reabrir em ambientes fechados pela primeira vez em sete meses, o premiê disse que a vida na França estava finalmente começando a voltar ao normal.

“Estamos no caminho certo. Vamos permanecer responsáveis, unidos e mobilizados”, escreveu ele em uma rede social, após uma reunião de gabinete em que a suspensão das medidas foi determinada.

De acordo com dados da Universidade Johns Hopkins, o país registrou 3.243 novos casos de Covid-19 nas últimas 24 horas. É o número mais baixo desde agosto e representa uma queda de mais de 97% em relação ao pico, registrado em abril deste ano, quando foram confirmados quase 118 mil casos em um dia.

A média móvel de casos, que chegou a mais de 56 mil em novembro do ano passado e, há dois meses, estava na faixa dos 45 mil, agora não passa de 4.000. Segundo especialistas em saúde da França, pode-se dizer que a pandemia está controlada quando essa taxa é inferior a 5.000 infecções diárias.

Considerando a incidência proporcional ao tamanho da população, a França registra 52,22 novos casos diários por milhão de habitantes. Para comparação, a taxa do Brasil é de 333,41, a maior entre os cinco países com os maiores números absolutos de infecções —EUA têm 40,97, Turquia, 70,79, e Índia, 56,32.

Desde o começo da pandemia, a França teve 5,8 milhões de casos de Covid e 111 mil mortes. É o quarto país com mais infecções, atrás de EUA (33,4 milhões), Índia (29,6 milhões) e Brasil (17,5 milhões).

Castex anunciou ainda que a nova meta de vacinação do governo francês é aplicar duas doses do imunizante em pelo menos 35 milhões de pessoas até o final de agosto, contingente que representa pouco mais da metade da população francesa. Até agora, cerca de 45% da população recebeu ao menos uma dose da vacina, e os que já estão completamente imunizados correspondem a 21,43% dos franceses.

As autoridades de saúde da França seguem monitorando o avanço das variantes do coronavírus. Na Inglaterra, do outro lado do Canal da Mancha, o governo precisou adiar a suspensão da maior parte das restrições devido à disseminação da variante delta, identificada primeiro na Índia.

De acordo com o ministro da Saúde francês, Olivier Verán, a delta é responsável por apenas 2% a 4% dos novos casos de Covid-19 identificados na França. Caso se torne dominante, porém, o risco é de que o país enfrente uma nova alta no número de infecções, já que as diferentes cepas tendem a se propagar mais rapidamente, além de aumentar o número de hospitalizações e serem mais resistentes às vacinas.

A França foi um dos últimos países europeus, junto com Itália e Grécia, a manter um toque de recolher, uma medida que vinha sendo cada vez menos respeitada, como observado na noite de terça-feira, durante as celebrações pela vitória da França contra a Alemanha na Eurocopa de futebol.

O anúncio do governo foi feito dias antes de eleições regionais no país, cujo primeiro turno será realizado neste domingo (20). Estarão em jogo os cargos em 18 conselhos regionais, e a votação servirá como termômetro da popularidade do governo de Emmanuel Macron, provável candidato à reeleição em 2022.

Na semana passada, Macron tomou um tapa no rosto enquanto cumprimentava o público em um evento no sudeste do país. Vídeos do incidente publicados em rede social mostram o presidente se aproximando para cumprimentar moradores que estão atrás de uma barreira. Ele encosta a mão no braço esquerdo de um homem que, em seguida, segura o presidente e o esbofeteia com força, com a mão direita.

A principal adversária de Macron no pleito do ano que vem será a ultranacionalista Marine Le Pen, que disputará a Presidência pela terceira vez —as pesquisas apontam que essa é sua melhor chance de vitória. Diante desse cenário, mais de 37 mil pessoas foram protestar no sábado (12) nas ruas de 119 cidades da França, segundo o Ministério do Interior, para denunciar a ascensão da extrema direita no país.

Os manifestantes também criticaram o governo de centro-direita de Macron, a quem acusam de seguir na esteira da extrema direita devido a leis que consideram contrárias às liberdades individuais.

De acordo com as pesquisas de opinião, as coalizões de esquerda não conseguiriam ir para o segundo turno da votação presidencial, e o atual presidente disputaria a reeleição contra Le Pen, líder do partido de direita Reagrupamento Nacional. Levantamento divulgado no começo de junho mostrou que Macron tem aprovação de 50% dos franceses. A cifra subiu sete pontos percentuais em relação a maio, em meio à melhora na situação da pandemia no país.

Folha de S. Paulo