Governo pernambucano indenizará vítimas da PM
Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A. Press
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), acionou a Procuradoria-Geral do estado para, em conjunto com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), iniciar um processo de indenização das vítimas feridas gravemente por balas de borracha, na ação da Polícia Militar do último sábado, na manifestação contra o governo Bolsonaro. Também foi determinado que a SJDH acompanhe a assistência médica dada aos dois homens feridos no rosto; um deles perdeu o globo ocular e precisará passar por cirurgia e usar uma prótese.
“Assim como estamos acompanhando a investigação que está sendo realizada pela Corregedoria, também vamos seguir de perto a assistência às pessoas que resultaram feridas”, afirmou Câmara.
O adesivador Daniel Campelo da Silva e o arrumador Jonas Correia de França foram atingidos por balas de borracha nos olhos e tiveram lesões permanentes. Silva, no olho esquerdo, e França, no olho direito. O adesivador perdeu o globo ocular. A informação foi dada pelo filho dele, o segurança Julio Campelo, que disse que os profissionais de saúde estão aguardando a região atingida desinchar para fazer uma cirurgia reparadora e pôr prótese ocular.
“A polícia é para proteger cidadãos de bem, mas vimos policiais massacrando o povo cruelmente. Não venham falar que policiais são despreparados, eles têm cursos para saber lidar em situações de crise como essa. Eles sabem que, se atirar na altura do rosto, pode cegar”, disse o filho de Daniel. Ele também destacou que o pai estava indo comprar material de trabalho.
Segundo a Secretaria de Saúde de Pernambuco, os dois feridos com gravidade realizaram avaliações oftalmológicas na Fundação Altino Ventura e continuam internados no Hospital da Restauração (HR). Ainda no sábado, o governador de Pernambuco afastou o comandante da operação e os policiais que agrediram a vereadora Liana Cirne (PT). A Corregedoria-Geral da Secretaria de Defesa Social já iniciou a tomada de depoimentos sobre o ocorrido. Em nota, o Ministério Público do Estado afirmou que vai agir, por meio das promotorias com atuação na capital, em relação aos fatos relacionados à ação da PM durante a manifestação.
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse ontem que a ação da Polícia Militar no protesto contra o governo do presidente Jair Bolsonaro em Recife foi “truculenta” e “brutal”. “As cenas de truculência e brutalidade da ação policial em Recife causam imensa preocupação com o despreparo das forças para lidar com manifestações de grande porte, que tendem a se tornar frequentes em 2022. Dois homens que sequer manifestavam perderam um olho. Até quando?”, escreveu o ministro nas redes sociais. A manifestação pacífica reuniu centenas de pessoas no último sábado e terminou com violenta repressão da PM. Dois homens que não participavam do protesto foram atingidos com balas de borracha nos olhos e perderam parte da visão. Atos contra Bolsonaro foram registrados em todos os estados e o Distrito Federal, no final de semana.