Microbiologista diz na CPI que cloroquina mata
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A microbiologista Natalia Pasternak afirmou nesta sexta-feira (11) à CPI da Covid que o uso de cloroquina para combater a doença é uma mentira “orquestrada pelo governo federal” e é uma mentira que “mata”.
A cloroquina não tem eficácia contra a Covid, de acordo com diversos estudos científicos. Mesmo assim, desde o início da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro e aliados defendem o uso do remédio para tratar a doença.
“No caso triste do Brasil, é uma mentira orquestrada pelo governo federal e pelo Ministério da Saúde. E essa mentira mata, porque ela leva pessoas a comportamentos irracionais que não baseados em ciência”, disse Pasternak.
A microbiologista disse ainda que, ao insistir na discussão sobre a cloroquina, o Brasil está atrasado pelo menos seis meses em relação ao mundo, que descartou o uso do remédio para Covid quando ficou comprovada a ineficácia.
“Estamos pelo menos seis meses atrasados do resto do mundo, que já descartou a cloroquina, e aqui a gente continua insistindo. Isso é negacionismo”, afirmou.
“Ela já funcionou para outras doenças? Não. A cloroquina já foi testada e falhou para várias doenças provocadas por vírus, como zika, dengue, o próprio sars, aids, ebola. Nunca funcionou. Então não tem probabilidade de funcionar. Nunca teve”, concluiu a especialista.
Pasternak explicou que diversos testes foram feitos para tentar encontrar alguma eficácia da cloroquina contra a Covid, mas todos demonstraram que o remédio não serve para tratar a doença.
“O primeiro [teste] foi esse em março do ano passado, feito em células em rins de macacos, que são células genéricas, fáceis de trabalhar no laboratório. Esse estudo mostrou que a cloroquina conseguia bloquear a entrada do vírus nessa células genéricas, que são células onde existe um caminho biológico para a cloroquina atuar. Esse caminho, ele não se concretiza em células do sistema respiratório. A cloroquina só funciona em tubo de ensaio em células genéricas, por isso que ela nunca funcionou em modelo animal e nem em humanos”, disse a especialista.
Ela lembrou a cena de quando o presidente Jair Bolsonaro apontou uma caixa de cloroquina em direção a emas que ficam no jardim do Palácio da Alvorada, e os animais saíram correndo.
“Senhores, a cloroquina já foi testada em tudo. A gente testou em animais, a gente testou em humanos, a gente só não testou em emas porque as emas fugiram, mas no resto a gente testou em tudo”.