Osmar Terra é suspeito de liderar “gabinete paralelo”
Foto: Najara Araujo/Camara dos Deputados
Apelidado de “ministro” do suposto gabinete paralelo, alvo de investigação da CPI da Covid, o deputado Osmar Terra (MDB-RS) será ouvido hoje pelos senadores. O convite teve como base a participação do parlamentar em reuniões que revelam a existência de um grupo extraoficial para aconselhamento do presidente Jair Bolsonaro na gestão da pandemia. Gravações mostram que Terra gerenciava rodada de conversas, como um mentor intelectual do grupo.
“Osmar Terra é um dos principais influenciadores do presidente da República. É defensor da ideia de que é necessário deixar a doença ser transmitida pelas pessoas para se chegar a uma situação de imunidade coletiva, uma tese criminosa e um dos temas que será tratado”, indicou ao Correio o senador Humberto Costa (PT-PE), um dos requerentes. Ele enfatizou que todas as previsões feitas pelo deputado foram frustradas. “Ele disse que a doença ia acabar rápido, que iam morrer 800 pessoas, que no fim do ano estava acabando”, destacou.
Costa fez referência a uma declaração de Terra, de março de 2020, quando o deputado disse que os casos da covid-19 seriam menores que os registros de H1N1 em 2019 e, por isso, provocariam cerca de 3.500 casos e 800 mortes.
Terra é um dos críticos mais incisivos de medidas restritivas. Médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e ex-secretário de Saúde do Rio Grande do Sul, o político de carreira, que já foi ministro da Cidadania do governo Bolsonaro, chegou a ter o nome cogitado para assumir o Ministério da Saúde após a saída de Luiz Henrique Mandetta.
Como solução para tratar os pacientes acometidos do vírus, Terra defendeu a cloroquina e outros medicamentes sem eficácia comprovada contra a doença. Quando foi diagnosticado com covid-19, em novembro de 2020, fez questão de anunciar pelas redes sociais o “tratamento precoce com hidroxicloroquina e ivermectina”. Mesmo assim, posteriormente, precisou ser internado.
“O que interessa é ele como testemunha para apontar quantas reuniões, quem participava do gabinete paralelo, para que se identifique outros personagens e, a partir daí, entender a motivação do governo, que fez a opção de seguir esse gabinete em vez do consenso científico mundial”, argumentou o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).