Pandemia é catástrofe para toda geração de crianças do mundo
Foto: AP – Victor R.Caivano
A pandemia de Covid-19 afetou os direitos das crianças em todo o mundo e requer ações concretas urgentes por parte dos governos. O alerta é da ONG KidsRights, que publicou nesta quinta-feira (3) o “Índice KidsRight 2021”, que classifica 182 países com base no respeito à Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança.
Pelo menos 168 milhões de crianças não tiveram acesso à educação por conta das restrições ligadas à pandemia, com consequências a longo prazo para sua saúde física e mental, alerta a ONG em seu relatório.
Em março de 2021, diz o comunicado da ONG, na América Latina e no Caribe, cerca de 80 milhões de crianças ainda estavam sem merenda escolar.
No Reino Unido, o Royal College of Psychiatrists alertou para o fato que a crise abalou a saúde mental de pessoas de todas as idades, mas os menores de 18 anos são os que apresentaram mais problemas, afetados pelo afastamento da escola e dos amigos.
O documento mostra que os menores no Chade, Afeganistão e Serra Leoa foram os que mais sofreram com a crise sanitária. Islândia, Suíça e Finlândia lideram o ranking como exemplos. O Brasil chega em 99ª posição e a França em 8º lugar. Curiosamente, a Espanha está em 86º lugar. Portugal chega em 15º.
O ranking leva en conta quatro aspectos fundamentais: o aumento da violência contra as crianças durante a epidemia, o acesso à vacinação contra outras doenças, o impacto das escolas e cantinas fechadas e a saúde mental e bem-estar em meio a tantas restrições.
Os efeitos da pandemia, “infelizmente, superaram as previsões que fizemos há um ano, no início da crise”, lamentou Marc Dulleart, fundador e presidente da ONG. “Excluindo os pacientes com coronavírus, as crianças são as mais afetadas, não diretamente pelo vírus, mas porque foram negligenciadas pelos governos em todo o mundo”, declarou. “Relançar o sistema educacional é a chave para evitar uma catástrofe geracional”, disse Dulleart.
De acordo com a ONG, uma em cada três crianças não tem acesso remoto às aulas. Um total de 142 milhões de crianças adicionais caíram na pobreza. A pandemia atingiu a economia global, e 370 milhões de crianças pararam de comer nas cantinas das escolas.
KidsRights elogiou o jogador de futebol do Manchester United, Marcus Rashford, que lançou uma campanha de sucesso para estender as refeições gratuitas servidas nas cantinas das escolas às famílias mais necessitadas. A organização também parabenizou Bangladesh por dedicar um canal nacional de televisão à educação à distância, e a Bélgica e a Suécia por tentarem manter as escolas abertas.
Além da questão educacional, 80 milhões de crianças poderiam ficar sem a vacinação de rotina para outras doenças devido à pressão sobre os serviços de saúde, estimaram os autores do relatório.
Eles também estão preocupados com o “aumento acentuado”, durante os lockdowns, da violência doméstica. Pela primeira vez, a ONG incluiu a Palestina em sua lista. Ela ocupa a 104ª posição em cuidados de saúde, apesar das circunstâncias.