Pazuello aproximou Bolsonaro e Wizard

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Denny Cesare/Estadão (29/11/2016)

Nome comum nas páginas de negócios, o empresário Carlos Wizard, 64 anos, passou a circular no meio político e se aproximou do governo Bolsonaro durante a pandemia do novo coronavírus. A relação com o presidente se estreitou por intermédio do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que chegou a convidar o empresário para assumir a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, em junho de 2020. Wizard chegou a atuar como conselheiro da pasta, sem remuneração, também no ano passado. Wizard é esperado para depor nesta quarta-feira, 30, na CPI da Covid.

O bilionário, no entanto, desistiu de tomar posse após reações negativas a uma declaração sobre um plano de recontar os mortos pela covid-19. “Não pretendemos desenterrar mortos, não tratamos disso. O que pretendemos é rever os critérios dessas mortes”, ele disse em junho do ano passado. Wizard também é defensor do chamado “tratamento precoce”, prática que não tem eficácia comprovada contra a covid-19.

A amizade entre o general e o empresário teve início em Roraima através da Operação Acolhida, que foi chefiada por Pazuello e teve a presença constante de Wizard. O empresário mudou-se com a mulher de São Paulo para Boa Vista, em agosto de 2018. Ele foi à região Norte para cumprir uma missão da igreja mórmon Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias – que frequenta desde a adolescência em Curitiba, onde nasceu.

O empresário passou dois anos na fronteira com a Venezuela. No período, trabalhou com os militares na promoção da interiorização de milhares de refugiados.

Até então, Wizard estava mais próximo do grupo de empresários em torno do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Era palestrante frequente nos eventos do Lide, grupo empresarial que promove encontros com empresários, e chegou a ser sondado sobre a possibilidade de candidatar-se à prefeitura de Campinas, no interior paulista, pelo PSDB.

Wizard recusou o convite, com a justificativa de que estava dedicado ao trabalho comunitário na área da saúde. A aproximação com o governo federal começou no mesmo período.

“Na minha coleção de pensamentos, há um que diz assim: o sucesso consiste em antecipar uma tendência de mercado e começar a praticá-la imediatamente”, disse Wizard em uma entrevista com Doria em 2011, em um programa na TV Bandeirantes.

Um ano depois de começar a circular pelo Palácio do Planalto, o empresário já não detém o mesmo prestígio que o colocou, em 2014, na lista de pessoas mais ricas da revista Forbes. Na última sexta-feira, 18, ele teve o nome incluído na lista de investigados pela CPI da Covid. Wizard é apontado como integrante do “gabinete paralelo”, responsável pelo aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro na condução da pandemia.

Nas redes sociais, Wizard coleciona fotos e distribui elogios a membros do primeiro escalão do governo, como o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, os ministros Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), Paulo Guedes (Economia), Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e André Mendonça (Justiça), além do próprio presidente Bolsonaro.

Ele também tem registros ao lado da médica Nise Yamaguchi, que admitiu à CPI ter participado de um “conselho científico independente” que tinha a participação do empresário.

O empresário era esperado na última quinta-feira, 17, para depor à CPI da Covid. Wizard não compareceu após ter entrado com pedido de Habeas Corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) em que pedia permissão para permanecer em silêncio. A situação irritou o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), que solicitou ao STF que o empresário seja conduzido coercitivamente para depor ao colegiado. O ministro Luís Roberto Barroso autorizou a ação na última sexta.

No mesmo dia, a 1ª Vara Federal de Campinas permitiu a retenção do passaporte do empresário assim que ele voltar ao Brasil.

Registrado como Carlos Roberto Martins, o curitibano é mais conhecido pelo sobrenome que adotou no fim dos anos 1980 e dá nome à franquia de escolas de inglês que fundou, a Wizard (ou “mago”, em português).

O interesse do empresário pelos refugiados venezuelanos tem origem na própria história de vida. Mais velho de sete filhos de um motorista e uma costureira, ele migrou para os Estados Unidos aos 17 anos. Por lá, ele aprendeu o método de ensino usado em escolas mórmons ligadas à Igreja dos Santos dos Últimos Dias, e começou a construir seu império de mais de R$ 2 bilhões.

Em 2013, Wizard surpreendeu o mercado ao anunciar a venda do Grupo Multi, dono de sua rede de escolas de inglês Wizard e das escolas profissionalizantes Microlins, à britânica Pearson. A operação, de quase R$ 2 bilhões, foi a maior aquisição em educação já feita no País até então.

Cerca de oito meses depois, ele entrou no mercado de alimentos. Hoje, o empresário é dono de franquias de fast food, como Pizza Hut, KFC e Taco Bell, e da rede de produtos naturais Mundo Verde, além da Ronaldo Academy, escolinha de futebol em parceria com o ex-jogador Ronaldo.

Estadão

 

Assinatura
CARTA AO LEITOR

O Blog da Cidadania é um dos mais antigos blogs políticos do país. Fundado em março de 2005, este espaço acolheu grandes lutas contra os grupos de mídia e chegou a ser alvo dos golpistas de 2016, ou do braço armado deles, o juiz Sergio Moro e a Operação Lava jato.

No alvorecer de 2017, o blogueiro Eduardo Guimarães foi alvo de operação da Polícia Federal não por ter cometido qualquer tipo de crime, mas por ter feito jornalismo publicando neste Blog matéria sobre a 24a fase da Operação Lava Jato, que focava no ex-presidente Lula.

O Blog da Cidadania representou contra grandes grupos de mídia na Justiça e no Ministério Público por práticas abusivas contra o consumidor, representou contra autoridades do judiciário e do Legislativo, como o ministro Gilmar Mendes, o juiz Sergio Moro e o ex-deputado Eduardo Cunha.

O trabalho do Blog da Cidadania sempre foi feito às expensas do editor da página, Eduardo Guimarães. Porém, com a perseguição que o blogueiro sofreu não tem mais como custear o Blog, o qual, agora, dependerá de você para continuar existindo. Apoie financeiramente o Blog

FORMAS DE DOAÇÃO

1 – Para fazer um depósito via PIX, a chave é edu.guim@uol.com.br

2 – Abaixo, duas opções de contribuição via cartão de crédito. Na primeira, você contribui mensalmente com o valor que quiser; na segunda opção, você pode contribuir uma só vez também com o valor que quiser. Clique na frase escrita em vermelho (abaixo) Doação Mensal ou na frase em vermelho (abaixo) Doação Única

DOAÇÃO MENSAL – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf

DOAÇÃO ÚNICA – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf