Pazuello e Capitã Cloroquina terão sigilos quebrados
Foto: Pablo Jacob
Senadores do G7, grupo majoritário da CPI da Covid que reúne independentes e de oposição, decidiram aprovar a quebra dos sigilos telefônico e telemático do ex-ministro Eduardo Pazuello e da secretária do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro. Também devem ter seus sigilos quebrados o secretário especial para Assuntos Internacionais do Palácio do Planalto, Filipe Martins, e o médico Luciano Dias.
Os sete senadores que formam o G7 fecharam questão sobre as quebras de sigilo em reunião na noite de terça-feira. Como têm sete dos onze membros titulares da CPI, o que decidem entre eles acaba sendo aprovado – a menos que haja um acordo com o governo, o que não está no horizonte.
Os requerimentos serão votados nesta quarta-feira. Com a quebra, a CPI terá acesso ao conteúdo dos emails e ligações feitos por Pazuello, Mayra, Martins e Dias desde o início da pandemia.
O objetivo é averiguar qual a participação de cada um na decisão do governo de postergar e até boicotar a compra de vacinas e centrar esforços no incentivo ao tratamento da Covid com medicamentos sem eficácia.
O grupo de senadores ainda não conseguiu chegar a um consenso quanto à quebra de sigilo do ex-secretário de Comunicação do governo, Fabio Wajngarten, e de Carlos Bolsonaro, filho do presidente que foi apontado como um dos participantes do chamado “gabinete paralelo” do Planalto para a Covid. Por ora, esses requerimentos continuam na gaveta.
Nesta quarta, os senadores vão interrogar o então número 2 de Pazuello no Ministério da Saúde, o coronel Élcio Franco. A idéia dos senadores é obter detalhes que mostrem até que ponto o Ministério da Saúde tem responsabilidade pela estratégia fracassada de combate à pandemia, determinando também qual a cota que cabe ao presidente Jair Bolsonaro.
Na reunião desta terça, os senadores decidiram convocar o servidor que desenvolveu aplicativo que recomendava o uso de cloroquina, o TrateCov, e que foi distribuído pelo Ministério da Saúde. O convite ao deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) também será aprovado.
Terra é apontado como o organizador do grupo de médicos que formou o chamado “gabinete paralelo” de aconselhamento de Bolsonaro. Foi esse grupo, segundo apuram os senadores, convenceu o presidente de que seria possível tratar a doença de forma alternativa, priorizando a distribuição de medicamentos como a cloroquina e a ivermectina e não a compra de vacinas.
Os senadores também incluíram na lista de convocações o auditor do Tribunal de Contas da União Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, autor do documento incluído no sistema do TCU e divulgado por Bolsonaro nesta segunda-feira, colocando em dúvida o real número de vítimas da Covid no Brasil. O TCU desmentiu Bolsonaro e negou ter produzido o relatório.
Marques tem relação direta com a família do presidente. Chegou a ser indicado pelos filhos de Bolsonaro para assumir uma diretoria no BNDES, o que foi proibido pelo TCU. Além de interrogá-lo, os senadores querem também quebrar o seu sigilo telefônico e de comunicações telemáticas.
Na lista de interrogados da CPI vai entrar também o secretário de comunicação institucional da Presidência, Felipe Pedri, seguidor do professor Olavo de Carvalho, que dissemina a tese de que a Covid-19 foi uma criação dos chineses para sabotar o mundo ocidental.