PGR deve salvar pescoço de Salles, investigado por contrabando
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Está no ar a preparação de uma pizza na justificativa do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para a atuação em favor de madeireiros da região da Amazônia. No inquérito aberto pela PGR para apurar uma suposta ação do ministro do Meio Ambiente de participação e facilitação de contrabando de madeira, ele justificou que se encontrou com o grupo por uma solicitação “feita pessoalmente” pelo ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos.
Assim o ministro divide a responsabilidade com Ramos. Pode justificar que o pedido foi uma questão de estado, e que ele só seguiu uma ordem do chefe da Casa Civil.
Salles diz à PGR que se reuniu com madeireiros após pedido do ministro Ramos
Fora isso, o procurador-geral Augusto Aras faz todas as vontades do presidente Bolsonaro e, com ajuda de auxiliares, tem demolido a autonomia institucional do Ministério Público Federal. Os esclarecimentos de Salles foram apresentados por escrito. Mas a lei estabelece que apenas testemunhas prestarão esclarecimentos por escrito, o que não é o caso de Salles, ele é investigado.
Em outro caso, o que levou à ação busca e apreensão contra o ministro, o ministro Alexandre de Moraes, acionado pela Polícia Federal, só comunicou à PGR depois das buscas. A PGR tem sido, como se vê diariamente, um ponto de apoio ao governo, desvirtuando completamente o papel institucional do Ministério Público. Nesse caso ele é investigado por suspeita de facilitar a exportação ilegal de maneira, numa ação que começou nos Estados Unidos onde foram apreendidos lotes de madeira que podem ter origem ilegal. E foi por essa ação que o presidente do Ibama, Eduardo Bim, perdeu o cargo, ele também alvo da ação de investigação.
É preciso ficar atento para que não se prepare uma pizza. No caso das madeiras apreendidas e que Salles teria agido em favor dos madeireiros inquérito, o delegado Alexandre Saraiva apresentou então uma notícia-crime contra o ministro ao STF, com acusação de que ele dificulta a fiscalização e que favorece os madeireiros. Logo depois disso, Saraiva foi afastado da superintendência da PF do Amazonas e transferido para o interior do Rio. Lembrando que, neste caso, 70% da madeira apreendida não apareceu nem o dono, mas Salles continua dizendo que o material é legal.
É exatamente nesse caso em que ele apresenta argumentos a seu favor por escrito para a PGR. É preciso ficar atento a qualquer sinal no forno de pizza. Quando ele diz que seguiu pedido do ministro Luiz Eduardo Ramos, general da reserva que até recentemente comandava o II Exército, e que é hoje o braço direito do presidente, ele quer dizer que agiu pelo governo. O Ministério Público se for agir com seriedade tem que começar estabelecendo a oitiva presencial do ministro Salles pela Polícia Federal.