Presidente da CCJ da Câmara acusa urnas eletrônicas sem provas
Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
A deputada federal Bia Kicis, presidente da CCJ da Câmara, afirmou que ainda dá tempo para que o voto impresso seja aprovado para as eleições de 2022. Porém, com o “TSE jogando duro contra” fica mais difícil. “É uma corrida contra o tempo, mas que vale a pena. Estamos lutando pela liberdade do eleitor de escolher seus governantes”, afirmou Kicis. Ela destacou que qualquer sistema eleitoral é passível de fraude, mas a urna eletrônica sem voto impresso é o único que não deixa rastros. “Pode ser pelo telefone, computador, cédula de papel, urna eletrônica, com voto impresso, sem voto impresso. Todos os sistemas são fraudáveis porque a criatividade humana é enorme e não para. Sempre o fraudador vai sair na frente de quem vai tentar impedi-lo. O problema é que o nosso sistema é o único que não deixa rastro. É o crime perfeito, o homicídio sem corpo.”
Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, a deputada federal afirmou que, ao contrário do que o ministro Luís Roberto Barroso afirma, o sistema atual não é seguro, transparente e auditável. “São três coisas que o ministro garante que existem, mas eu sei muito bem que não existem. Estudo o assunto desde 2014. Não acredito que haja má fé, mas ele é ministro e não expert. Eu converso com grandes técnicos, professores, auditores, doutores que tem autoridade para falar porque participaram de testes junto ao TSE. E todas as vezes conseguiram quebrar a segurança. Não dá para confiar em software. Um sistema de tecnologia com mais de duas décadas, não dá para chamar de moderno e nem ser motivo de orgulho. Qualquer hacker sabe que é possível programar um software malicioso que vai ficar escondido, esperando a hora programa para achar. Pouco importa se a urna está ligada na internet, que façam zerésima. Nada disso é capaz de barrar a possibilidade de fraude.”
Bia Kicis reconheceu que a urna eletrônica veio para substituir um sistema caótico, mas ela acredita que as fraudes antes eram pontuais. “Ainda que fossem espalhadas pelo Brasil, você precisava comprar mesários, corromper muita gente. Hoje basta uma pessoa mal intencionada para introduzir um software malicioso que fará essa operação do desvio do voto depois de iniciada a votação.” Ela fez um paralelo do sistema eleitoral e uma conta bancária para explicar o que seria a adesão ao voto impresso. “Imagina, ao acessar a conta, você só tiver acesso ao saldo. Como tenho esse valor, como eu cheguei nele? O banco garante que está certo. O boletim de urna é isso, é o saldo da conta. O voto impresso é o extrato, onde cada depósito e transferência é registrado aos seus olhos”, explicou. Ela garante que o sigilo do voto não é corrompido já que apenas o eleitor terá acesso à cédula materializada, que será depositada em uma urna lacrada.