Relator da CPI não fará perguntas a médicos “cloroquiners”
Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado
O relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiras (MDB-AL), se recusou a fazer perguntas aos dois médicos defensores do uso da cloroquina em casos de Covid-19; os especialistas, Ricardo Ariel Zimerman e Francisco Eduardo Cardoso Alves, fazem uma audiência pública no colegiado. Calheiros também deixou a sessão, o que gerou bate-boca entre os senadores governistas do colegiado.
— Nós chegaremos sábado provavelmente a meio milhão de mortes pela Covid-19 no Brasil e continuamos a ouvir esse tipo de irresponsabilidade — criticou Renan.
Tanto Zimerman quanto Alves defendem o tratamento precoce na pandemia, cuja ineficácia já foi comprovada. Alvez também é apontado como um dos autores da nota informativa do Ministério da Saúde que dava orientações sobre tratamento precoce da Covid-19, cujo medicamentos são ineficazes contra a doença.
No início da sessão, o presidente da CPI da Covid, o senador Omar Aziz (PSD-AM) adiou a votação que iria avaliar a convocação do governador do Rio, Claudio Castro (PL) e do secretário de Saúde estadual, Alexandre Chieppe, para a próxima terça-feira. Também seriam avaliados o pedido da quebra de sigilos das Organizações Sociais (OSs) responsáveis pela gestão de hospitais no Rio e o requerimento para que o ex-governador do estado Wilson Witzel preste um novo depoimento, agora em sigilo — o que foi pedido por ele em sua oitiva, na quarta-feira.
Renan Calheiros deve anunciar a lista de investigados pela CPI. Rol deve incluir o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e seu antecessor, Eduardo Pazuello. O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo e Arthur Weintraub, irmão do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, também estarão na lista.
É a segunda vez que o pedido de convocação de Castro será votado. A primeira foi quando o colegiado aprovou, no final de maio, a convocação do ex-governador Witzel e outros nove chefes de executivo estaduais. O nome de Castro, que é próximo da família Bolsonaro, foi retirado após discussões em reunião secreta para fechar um acordo sobre a lista de requerimentos. O argumento é que ele não estava no cargo durante as operações da Polícia Federal.
Na quinta-feira, Castro a jornalistas disse não ver motivos para ser convocado. Ele participou de uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) e empresários do Rio, em um hotel na Barra da Tijuca.
— Eu não consigo enxergar um motivo de me chamarem, mas eu vou avaliar. Eu não sei nem se vão me chamar, se tem alguma motivação de me chamar — disse o governador, que frisou: — Eu particularmente não consigo entender o motivo de me chamar, mas vou respeitar a comissão.
Caso seja convocado agora, Castro disse que ainda vai analisar se vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para não precisar ir à CPI poder ficar em silêncio — assim como já fizeram outros depoentes do colegiado.
— Eu vou conversar com os meus advogados, com a minha equipe, se eu devo recorrer ou não. Mas isso é uma avaliação pós ser ou não chamado.