Rodrigo Maia acusa ACM Neto de ser bolsonarista

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Foto: Dida Sampaio/Estadão

A decisão do DEM de expulsar de seus quadros o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (RJ) não causou surpresa para ele. Mesmo assim, Maia não escondeu a irritação com o desfecho da briga que travou com o presidente do DEM, ACM Neto, iniciada durante o processo de disputa pelo comando da Câmara.

Na ocasião, Neto e seu grupo apoiaram a candidatura de Arthur Lira (Progressistas-AL) para o comando da Câmara contra o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), nome defendido por Maia. “Torquemada Neto está seguindo o caminho autoritário do bolsonarismo”, afirmou Maia ao Estadão, comparando o dirigente do DEM a Tomás de Torquemada, inquisidor geral espanhol durante o século XV.

O ex-presidente da Câmara, que já presidiu o DEM e foi um de seus principais líderes, faz segredo sobre seu novo destino político, mas o Estadão apurou que ele deverá ir para o PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

Como o sr. avalia a decisão do DEM de expulsá-lo?
Infelizmente, hoje se revelou a natureza da Arena de seu presidente, que usa do seu poder para calar aqueles que são críticos à sua gestão. Isso vai levar ao fim do partido. O presidente Lula não conseguiu, ninguém conseguiu. Mas parece que o próprio ACM Neto vai conseguir acabar com o partido.

Qual desdobramento político isso poderá ter para o DEM?
É uma decisão que mostra que Torquemada Neto está seguindo o caminho autoritário do bolsonarismo. O caminho autoritário de proximidade com o presidente Bolsonaro. Isso mostra que a prática dele está sendo muito parecida com a do governo. Aqueles que criticam são atacados de forma antidemocrática. Então, a decisão dele de expulsar um quadro do partido apenas porque fez críticas duras, mesmo sabendo que os deputados da tropa imperial dele estão me atacando na Bahia, mostra que a sinergia histórica dele e da Arena, da família dele, chegou nele nesse momento. E, cada vez mais, o coloca mais próximo do bolsonarismo. Vai sobrar para ele apenas ser candidato a vice do Bolsonaro em 2022.

O sr. já tinha entrado no TSE com pedido de desfiliação do DEM por justa causa, alegando incompatibilidade com os rumos políticos do partido. A expulsão muda alguma coisa?
Eu já me considerava fora do DEM. Já tinha pedido a minha desfiliação. Esse assunto, para mim, já está resolvido. Só que a prática utilizada pelo presidente na condução da decisão é lamentável e autoritária. Como nós temos origens distintas, é natural que, na hora do conflito, ele vá para as práticas de quem se beneficiou da ditadura. Não as práticas de uma família que foi vítima da ditadura.

Qual será o seu destino político?
Ainda não sei. Vou esperar um pouquinho.

Estadão