Todos os “cartolas” do futebol brasileiro querem Caboclo fora
Foto: Leandro Lopes / CBF
Enquete feita pelo Painel com todos os presidentes de federações estaduais de futebol do Brasil mostra cenário desfavorável para Rogério Caboclo, presidente afastado da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) em virtude de acusação de assédio moral e sexual.
Dos 27, a maioria (14) diz concordar com a saída provisória e vê indícios graves. Nenhum afirma ser contra ou critica o processo —oito preferiram não opinar e cinco não responderam. O caso deve terminar na Assembleia Geral da CBF, composta justamente pelos cartolas.
Única mulher a comandar federação de futebol, Michelle Ramalho, da Paraíba, diz concordar com o afastamento. Ela afirma que as acusações são “bastante graves”, mas que ele deve ter o direito de se defender. Michelle também diz que Caboclo sempre foi profissional nas interações com ela.
“Respondendo objetivamente sua pergunta, caso venha a ser absolvido entendo que ele volta ao cargo e caso ele venha a ser condenado, entendo que se afasta em definitivo”, afirma a presidente.
“O afastamento determinado preserva a instituição e o próprio presidente, que poderá exercer sua defesa de forma ampla”, diz Adriano Aro, de Minas Gerais. “Nesse momento se faz necessário, até pela gravidade da denúncia, e para que ele possa ter tranquilidade em se defender dentro do processo”, diz Ricardo Nonato, da Bahia.
José Vanildo, que atendeu a coluna se apresentando como “o garanhão da federação” do Rio Grande do Norte, diz que o caso é surpreendente e que os fatos são graves, mas que é difícil fazer juízo de valor a partir de “frases entrecortadas”.
“A gravidade dos fatos que se apresentaram e a magnitude da repercussão negativa que contaminou a instituição já motivaram um linchamento ético, moral e político que dificilmente o permitirá continuar no cargo”, diz Rubens Lopes, da federação do Rio de Janeiro.
“Entretanto, há que se esperar o parecer da Comissão de Ética após o direito ao contraditório e à ampla defesa. E a decisão final caberá à Assembleia Geral. Até lá tudo não passa de especulações ou palpites”, completa.
Concordaram com o afastamento de 30 dias determinado pelo Comitê de Ética os presidentes de CE, BA, ES, GO, RS, SC, MG, RN, AL, PB, PI, MA, DF e AP, que viram as acusações como preocupantes. RJ fez a mesma leitura, mas não quis tratar do afastamento.
SP, PR, TO, MT, PA, AC, PE e SE não quiseram se posicionar sobre Caboclo ter que deixar o cargo provisoriamente. AM, MS, RR e RO não responderam.
Entre os que não quiseram comentar o caso, foram frequentes as explicações de que não caberia a eles discutir uma decisão do Comitê de Ética da CBF ou que não poderiam revelar o que pensam agora, já que o caso deve chegar à Assembleia Geral.
“Compete a quem de direito fazê-lo e, considerando que a decisão para ser tomada eu não fui consultado, não cabe concordar ou discordar”, disse, por exemplo, Evandro Carvalho, da federação pernambucana.
“O fato é que a CBF tem mecanismos efetivos e profissionais, dentro das melhores práticas empresariais do mundo, eu que o diga como advogado de tantas [empresas], e a CBF não fica devendo a ninguém, no Brasil ou no mundo, e isso se deve muito ao presidente Caboclo”, acrescentou.
“Se o comitê ético tomou providências, estatutariamente devemos respeitar a decisão”, respondeu Milton Dantas, de Sergipe.